Em mais um jogo de reviravoltas – a palavra desta eleição em Santa Catarina – o deputado federal João Rodrigues (PSD) vai disputar a reeleição. O habeas corpus do ministro Rogério Cruz, do Superior Tribunal de Justiça, conquistado no início da noite de ontem, não só permite que o parlamentar deixe a Papuda como autoriza o registro de sua candidatura. Acompanhar a carreira política de Rodrigues é estar sujeito repetições de alguns padrões.

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De cara, cito o padrão da última hora. Preso em fevereiro, o parlamentar chegou a ver o suplente Edinho Bez (MDB) assumir o cargo e demitir seu gabinete dia 6 de junho quando encerrou-se o prazo de 120 dias para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) convocasse o substituto. No dia seguinte, o fim da linha foi alargado por decisão de Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, que autorizou Rodrigues a exercer seu trabalho como deputado durante o dia e depois recolher-se à Papuda. Mais uma vez, a vitória do pessedista chega na última hora.

Na convenção do PSD estadual, dia 21 de julho, Gelson Merisio – hoje candidato a governador – disse que o nome de Rodrigues seria incluído na lista aprovada naquele encontro porque o partido acreditava em sua inocência , mas que o registro só seria feito se ele conseguisse resolver a questão judicial até o dia 15 de agosto – também conhecido como hoje – prazo final dos registros de candidatura.

O segundo padrão é o próprio habeas corpus. Condenado no Tribunal Regional da 4ª Região em 2009, Rodrigues elegeu-se deputado federal pela primeira vez no ano seguinte – já sob a égide de um habeas corpus do STJ a protegê-lo dos efeitos da Lei Ficha Limpa, aplicada pela primeira vez. Eleito, o caso foi para o STF e o habeas corpus renovado. Quando disputou a reeleição, em 2014, seu registro de candidatura foi aceito pelos juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) sob resmungos e protestos. A decisão de Brasília impedia a impugnação que a maioria considerava clara.

Rodrigues com recursos e a Justiça com sua lentidão empurraram com a barriga um caso banal de licitação irregular para a compra de uma trivial retroescavadeira – realizada em 1999, quando o hoje deputado assumiu como interino a prefeitura de Pinhalzinho. Dessa forma precária, o pessedista elegeu-se duas vezes deputado federal e formou uma rede de apoiadores que o levou a sonhar com a candidatura a governador. Acordou na Papuda, proclamando inocência. Liberado por Rogério Cruz, aos 45 minutos do segundo tempo, disputa o cargo mais uma vez de forma precária, à espera de um julgamento definitivo sobre a tese de que seu caso já prescreveu.

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Liberado para a eleição, Rodrigues deve fazer valer o prestígio que tem junto a seus cabos eleitorais e eleitores e garantir mais um mandato com boa votação. Deve, também, encorpar a aliança de Merisio – onde havia temor de que um possível mau-humor do parlamentar fizesse sua turma escapulir para a candidatura de Mauro Mariani (MDB).

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