O dia seguinte à avalanche causada pelo desempenho dos candidatos do PSL do presidenciável Jair Bolsonaro na eleição catarinense foi marcado por tentativas de avaliar a dimensão das mudanças e a contagem de mortos e feridos. Uma constatação foi quase unânime: maior partido do Estado, o MDB foi o maior afetado.

Continua depois da publicidade

Os emedebistas já venceram e perderam disputas para governador de Santa Catarina, mas nunca haviam chegado em terceiro lugar – como aconteceu no domingo com Mauro Mariani. A votações do PSL estão sendo encaradas como fenômeno da natureza, incomparável, mas os resultados mostram que o MDB estava menos preparado para enfrentar a guinada dos catarinenses por renovação de viés conservador.

A força do MDB nos pequenos e médios municípios diminuiu os estragos – especialmente na Assembleia Legislativa, onde a legenda conseguiu manter suas nove cadeiras. Nos maiores municípios, no entanto, a performance beirou o desastre. Mariani não venceu em nenhuma das 10 cidades mais populosas. Pelo contrário, ficou em terceiro lugar em nove dela e amargou um incrível quarto lugar em Chapecó – atrás de Gelson Merisio (PSD), Comandante Moisés (PSL) e até de Décio Lima (PT).

Curioso é que as eleições municipais de 2016 havia dado a impressão de que o MDB revertera as dificuldades nas maiores cidades, com a conquista de Florianópolis e Itajaí. Os prefeitos Gean Loureiro e Volnei Morastoni, no entanto, não deram conta da avalanche – e não conseguiram também levar à vitória seus candidatos legislativos. Base eleitoral de Mariani, terra de Luiz Henrique da Silveira, administrada por Udo Döhler, Joinville também rejeitou o candidato emedebista.

No partido há questionamentos sobre a performance pessoal do candidato. Leva-se em conta a reeleição dos deputados estaduais, as três cadeiras na Câmara e a vitória do aliado Jorginho Mello (PR) para o Senado. Nos bastidores, Mariani é acusado de ter ignorado partidários e se fechado em um pequeno grupo de apoiadores. As mudanças na propaganda durante a campanha veio apenas após uma forte reação de lideranças – prefeitos, vices, vereadores, presidentes de partidos – orquestrada pelo governador Eduardo Pinho Moreira.

Continua depois da publicidade

Do outro lado da margem, Merisio tinha um projeto mais consistente e conseguiu maior coesão na chapa majoritária e de candidatos a deputado. Quando percebeu o tamanho da avalanche Bolsonaro, antecipou o anúncio de apoio ao presidenciável do PSL. Preparou-se para enfrentar o problema em vez de ignorá-lo.

Nesta terça-feira, o MDB se reúne para discutir o que aconteceu e o que pode ser feito. O ex-senador Casildo Maldaner mandou mensagem aos correligionários lembrando 1998, quando Paulo Afonso (PMDB) perdeu em primeiro turno para Esperidião Amin, e dizendo que é hora de entender a derrota e reorganizar o partido para as próximas eleições municipais. Olhando o cenário todo, a impressão que dá é que o emedebista que saiu mais ileso foi o senador Dário Berger – ainda com quatro anos de mandato em Brasília. É um torno dele que o partido deve se reorganizar.

Leia também:

A onda Bolsonaro virou tsunami e mudou o jogo da política de SC