Julio Garcia partiu para o contra-ataque. Relacionado entre os 21 indiciados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Alcatraz, o presidente da Assembleia Legislativa e deputado estadual mais votado do PSD catarinense reagiu rapidamente para manifestar indignação e criticar o que passou agora a chamar de “Espetáculo de 30 de maio” – data da deflagração da operação, quando foi alvo de busca e apreensão em dois imóveis. 

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A postura é diferente da adotada naquele momento, quando não havia ainda clareza do que se investigava – as pistas eram dadas mais pela prisão de nomes ligados a Julio Garcia, como o ex-secretário-adjunto da Secretaria da Administração Nelson Nappi Junior. Daquela vez, o pessedista levou cinco dias para se pronunciar e escolheu a tribuna da Assembleia. Cabisbaixo e abatido, recebeu apoio de parlamentares de praticamente todas as bancadas. À imprensa, foi comedido nas palavras

Na tarde desta terça-feira, o roteiro foi outro. A notícia do indiciamento veio no início da noite de segunda-feira e no dia seguinte um Julio Garcia mais assertivo e até, em alguns minutos, irritado, recebeu os jornalistas para manifestar. Criticou a Polícia Federal pelo indiciamento – que considerou ter sido realizado sem provas de que ele tenha influenciado licitações na Secretaria de Administração – e disse que há irresponsabilidade na forma com o assunto é tratado, não deixou claro por parte de quem.

Julio Garcia alegou que a postura mudou em relação a junho porque agora sabe do que é acusado e que pode se defender. O pessedista aponta que as investigações iniciais o colocavam como cabeça de um suposto esquema de propinas em licitações e que no relatório final é rebaixado a sócio oculto da empresa Apporti, de Jeferson Colombo, genro de sua ex-mulher. Sobre o fato de que ele lhe pagava contas particulares, o deputado mantém a versão que era a forma de pagamento por um empréstimo informal que fez ao quase parente. Um sítio no Norte da Ilha de Santa Catarina, apontado como possível fruto do esquema, o parlamentar demonstrou que possui desde 1994. 

Assim, Julio Garcia mostra disposição de encarar a PF. Caberá ao Ministério Público Federal, primeiramente, e a Justiça em suas diversas instâncias, possivelmente, definir quem tem a razão e se o presidente da Alesc virará réu de um processo. Esse é o caminho judicial. O desgaste político, no entanto, é inevitável. O pessedista sabe disso e a rápida reação – na fala e no tom – é parte da tentativa de conter o dano. 

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