O governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) chegou à véspera de Natal com uma importante pendência em seu secretariado. O nome do futuro ou futura comandante da pasta da Educação continua em aberto e por trás dessa indefinição existe algo que pode até se tornar rotineiro ao longo da gestão: a diferença de estilo entre Moisés e a ala mais ideológica dos pesselistas eleitos.

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Essa questão ganhou força justamente na indicação para o comando da Secretaria de Educação. É uma área extremamente sensível, onde os antecessores de Moisés encontraram a maiores resistências. Em 2011, primeiro ano de Raimundo Colombo (PSD) no governo, o Sinte/SC emplacou uma greve de 62 dias. Ao longo dos anos, os movimentos grevistas foram perdendo peso e o governo aprendeu a fazer diálogo direto com a categoria, evitando a intermediação sindical. De qualquer forma, um governo disposto a fazer mudanças na máquina e com pouca margem para aumentos salariais, como é o caso da gestão Moisés, deve ter o radar ligado nessa área.

Ao mesmo tempo, setores do PSL catarinense querem na pasta de Educação um nome alinhado aos valores conservadores – na linha do futuro ministro Ricardo Vélez Rodrigues, indicado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) por influência de Olavo de Carvalho, o ícone ideológico da nova direita. Vélez Rodrigues se soma aos que denunciam a suposta doutrinação ideológica de esquerda nas escolas.

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Apesar de ter sido eleito na carona de Bolsonaro, via 17, o futuro governador catarinense vai deixando claro que quer manter estilo próprio. Para a educação, busca um nome ligado à universidade, especialmente à área de administração. Entre os cotados, Mário César Barreto de Moraes (coordenador de pós-graduação profissional em Administração na Esag/Udesc), Osvaldir Ramos (presidente do Conselho Estadual de Educação), Felipe Felisbino (professor da Unisul e diretor no ministério). A eles se soma a atual secretário Simone Schramm (MDB), como uma solução de continuidade às vésperas da volta aos aulas.

A escolha de Moisés desagrada a ala ideológica dos eleitos do PSL, neste caso representados pela deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo. Ela defendia um nome alinhado à escolha que Bolsonaro fez para o MEC. Sua sugestão foi Maurício Custódio Serafim, da Esag/Udesc. Nas redes sociais, ela conclamou o governador eleito a escolher um “nome compatível com o espírito liberal-conservador que nos elegeu”. Nos bastidores, a crítica é mais forte.

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Ana Caroline critica a intenção de Moisés de buscar um nome de perfil conciliador. A deputada eleita avalia que a eleição escancarou uma polarização ideológica no país e que o respaldo de 71% dos votos em Santa Catarina deveria fazer com que Moisés seguisse o mesmo caminho.

— Bolsonaro escolheu um ministro da Educação polêmico e muito firme nos seus posicionamentos em defesa do pensamento de direita. O governador deveria fazer a mesma coisa e não ficar sempre com essa conversa de conciliação — disse a eleita aos colegas em um grupo de Whatsapp.

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