A duas semanas do fim da campanha eleitoral do primeiro turno, o instituto Ibope apresenta números que consolidam o cenário político catarinense. Há uma eleição embolada em imprevisível para o governo, uma disputa focada em experientes protagonistas pelo Senado e uma consolidação do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) como o preferido dos eleitores do Estado. A forma como esses três cenários vão se cruzar devem definir o resultado das urnas no dia 7 de outubro.
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A segunda rodada de pesquisas do Ibope contratada pela NSC Comunicação mostra o efeito da campanha política e dos programas eleitorais. Candidatos pela primeira vez em majoritárias, Mauro Mariani (MDB) e Gelson Merisio (PSD) suplantam numericamente Décio Lima (PT) e ocupam os espaços naturais de seus partidos e coligações na tradição política catarinense. O triplo empate técnico, inclusive nas simulações de segundo turno, dá o tom de uma disputa indefinida.
Pelos números do Ibope, qualquer um dos três pode estar no segundo turno. Os 21% de Mariani mostram que o emedebista já o identifica como o novo líder do partido. Os 18% de Merisio mostram que a campanha ao estilo metralhadora de propostas encontrou eco em uma importante fatia do eleitorado. Os 17% de Décio mostram que o PT conseguiu reter seu padrão histórico eleitoral no Estado. Entre os demais candidatos, a expectativa de que a onda Bolsonaro pudesse impulsionar Comandante Moisés (PSL) ainda não se confirmou.
O Senado traz leituras semelhantes – é como se a tradição política catarinense fosse sendo desenhada de uma rodada de pesquisas para outra. Esperidião Amin (PP) subiu sete pontos e se consolidou na liderança com 30%, enquanto Raimundo Colombo (PSD), também ex-governador, manteve os 27%. O senador Paulo Bauer (PSDB) subiu de 19% para 25%, forçando outro triplo empate na margem de erro – desta vez, com duas vagas em disputa. Lutando contra esse experiente clube, o deputado federal Jorginho Mello (PR) esboçou uma reação, chegando a 13% liderando o bloco intermediário que compartilha com a ex-senadora Ideli Salvatti (PT), com 8%. Os demais ainda não conseguiram se destacar.
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Os números que mais chamam atenção, no entanto, são os presidenciais. Eles destoam da tradição histórico-partidária catarinense ao colocar o outsider Bolsonaro disparado na liderança com 40%. Na rodada anterior, eles tinha entre 26% no cenário com Lula (PT) e 28% quando o adversário petista era Fernando Haddad, agora candidato oficial. Essa onda já se sentia nas ruas e nas redes e deve ser o fator a influenciar toda a eleição.
Ao mesmo tempo, Haddad avança e mostra que deve mesmo abocanhar a fatia petista do eleitorado catarinense – o voto de Lula como teto, o de Décio como piso. De uma pesquisa para outra, passou de 3% para 12%. Geraldo Alckmin (PSDB), estacionado com Ciro Gomes (PDT) nos 6%, não parece ter força e nem apoios para recuperar a hegemonia tucanas em eleições presidenciais em Santa Catarina. Lembrando que os candidatos do PSDB, inclusive Alckmin, venceram entre os catarinenses em cinco das sete eleições diretas realizadas desde 1989.