Vou falar de pefelismo nesta coluna. Não se trata de um resgate histórico sobre o PFL, Partido da Frente Liberal, mas da constatação de que a velha sigla é o que têm de comum duas das mais interessantes movimentações partidárias em andamento no Estado. A fuga dos catarinenses do PSB e a reconstrução do DEM estadual.

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Dissidência do antigo PDS/Arena que deu base política ao regime militar, o PFL era a terceira força do Estado sob a liderança de Jorge Bornhausen e Vilson Kleinübing. Desse grupo saiu Raimundo Colombo, eleito governador em 2010 quando a sigla já havia sido rebatizada para Democratas, o DEM, em uma tentativa de sobreviver naquela época em que a direita estava fora de moda no auge do governo Lula. Foi Colombo que liderou o esvaziamento quase completo da legenda ao levar todas as lideranças de peso para o PSD em 2011 – um partido mais ao centro, mas adequado à composição com o Planalto petista.

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Em 2013, descontente com a aliança de Colombo com Dilma Rousseff (PT), Paulo Bornhausen encontrou no PSB – apesar do socialismo no nome – um lugar para abrigar uma espécie de pefelismo do século 21. Assim construiu o partido, saindo do zero para uma posição relevante no cenário catarinense.

Nas últimas semanas a fatura do não-alinhamento ideológico com a direção nacional chegou e todos acompanhamos os movimentos desse divórcio litigioso entre o grupo catarinense e cúpula. No último capítulo, quarta-feira, a destituída executiva estadual do PSB conseguiu uma liminar na Justiça para retomar a posição e afastar os membros indicados por Brasília. Não se engane, leitor. Ninguém está brigando para continuar socialista, entre aspas. Tudo agora é uma queda de braço em que a direção nacional tenta provar que houve fraude em desfiliações feitas por baixo dos panos para que não houvesse perda de mandato por infidelidade partidária, enquanto a direção estadual busca caracterizar perseguição por parte de Carlos Siqueira, presidente nacional da sigla. Quem emplacar a tese, fica com os mandatos de deputado estadual e federal em jogo.

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Em outra área, o herdeiro oficial do PFL vai juntando os cacos. Filiou na quarta-feira os prefeitos de Chapecó, Luciano Buligon, e de Bombinhas, Paulinho Muller. Sob comando estadual do ex-deputado federal João Paulo Kleinübing e com a bênção de Rodrigo Maia e ACM Neto, o partido vai ganhando corpo. O deputado estadual Kennedy Nunes (PSD) está próximo de se juntar ao time.