Os catarinenses que pararam para ver o ministro Henrique Meirelles (PSD), da Fazenda, no horário eleitoral do PSD que foi ao ar na semana passada, devem ter sentido certa familiaridade. O estilo quase inconfundível do publicitário Fabio Veiga apresentou o ex-banqueiro com uma naturalidade nunca antes vista e o figurino de potencial pré-candidato à Presidência da República que ele deseja tanto ser.
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Claro que a tarefa era mais fácil quando os atores eram Dário Berger e Raimundo Colombo – clientes de Veiga nas disputas pela prefeitura de Florianópolis e pelo governo catarinense -, mas ficou claro que existem elementos para vender Meirelles, especialmente se a economia avançar um pouco. Na peça publicitária, o ministro falava com autoridade e conclamava o eleitor que não deseja apostar nos extremos, à esquerda ou à direita.
Vender um banqueiro com cara de banqueiro como presidenciável talvez seja o maior desafio da carreira do marqueteiro. Falando de política, que é o que deveria importar mais, e de Santa Catarina, que é o que interessa à coluna, uma candidatura presidencial do PSD tem condições de mexer bastante no tabuleiro local.
Uma das questões opõem o governador Raimundo Colombo e o pré-candidato do PSD à sucessão Gelson Merisio é justamente o alinhamento nacional. Desde o final de ano passado, Colombo manifesta o desejo de apoiar o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Por sua vez, Merisio entende que o palanque que deseja armar (PSD, PP, PSB e outros) não deve ser entregue a um presidenciável tucano sem contrapartida de apoio local. Além disso, envia sinais de que não acredita na performance do tucano. Nesse contexto, Merisio primeiro flertou com Ciro Gomes (PDT) e depois passou a elogiar Jair Bolsonaro (PSC).
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A presença de Henrique Meirelles no jogo pode pacificar essa questão. Colombo teria um nome ao estilo Alckmin para apoiar, longe dos extremos. Merisio, confirmando-se sua candidatura, poderia apontar o ministro como seu candidato pessoal, mas armar um palanque aberto a partidos com outras candidaturas, como o PDT, por exemplo. A solução não é inédita. Em 2014, Colombo anunciou seu apoio a Dilma Rousseff (PT), mas esquivou-se de ter um palanque avermelhado com a desculpa de que outras legendas da aliança tinham candidatos próprios.
Se decolar, Meirelles encorpa o projeto pessedista. Se não tiver sucesso, é fácil de ser deixado pelo caminho – ou cristianizado, como diz o jargão político desde que Cristiano Machado foi largado pelo próprio partido em prol de Getúlio Vargas na eleição de 1954. O nome do partido dele era PSD.