O bíblico Moisés subiu a montanha e dela voltou com dez mandamentos inscritos em duas tábuas. O governador eleito Carlos Moisés (PSL) submergiu na máquina com sua equipe de transição e voltou agora, cinco semanas após a eleição, com a nova estrutura administrativa do Estado fundada em apenas dez secretarias. Trocadilhos à parte, o governo do pesselista começou a ganhar forma na tarde de ontem.
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Talvez seja a primeira vez que um organograma tenha maior destaque em um anúncio governamental do que os nomes que irão ocupá-lo.As dez secretarias, a rigor, são 12. Moisés não incluiu na lista a Casa Civil, que ficará ligada diretamente ao gabinete dele, mas seu titular manterá o status de secretário, e a Procuradoria-Geral do Estado. São dez pastas executoras de políticas, no jargão da equipe de transição liderada pelo professor Luiz Felipe Ferreira. A maior surpresa é a extinção da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte – um balaio criado por Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e que nos anos de Raimundo Colombo (PSD) no governo notabilizou-se mais pela troca frequente de secretários do que por sua ações. Comunicação, Defesa Civil e Planejamento , assim como os órgãos da antiga SOL espalham-se por outras pastas.
A pasta de Segurança Pública, no fim, manteve-se na estrutura – mas com uma solução engenhosa. Em vez do tradicional secretário, os comandantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Instituto Geral de Perícia vão formar uma conselho e cada um deles vai ser secretário oficial por um ano. Uma tentativa de harmonizar as instituições que vamos conferir na prática a partir de ano que vem.
Os quatro nomes definidos nesta segunda-feira trazem leituras interessantes. A primeira, óbvia, é a dos colegas de farda. Moisés indica um coronel dos Bombeiros para a Saúde, Hélton Zeferino, e um tenente-coronel da Polícia Militar para a Administração, José Eduardo Tasca. Em outra linha, a oficialização de Paulo Eli na Secretaria da Fazenda e de Leandro Lima na Justiça e Cidadania (rebatizada para Administração Prisional) indica o clima de harmonia na transição entre o atual governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) e o sucessor Moisés. Ambos são os atuais secretários e são servidores de carreira com histórica ligação com o MDB. O governador eleito evita ruptura em duas áreas sensíveis.
Eli já vive a rotina de trabalhar contra um déficit projetado em R$ 2,3 bilhões para o ano que vem. Lima foi o braço-direito da deputada estadual reeleita e ex-secretária Ada de Luca (MDB) e traz consigo o histórico da pasta – onde, inclusive, foi chefe do atual governador no período em que o hoje pesselista ocupou cargo de confiança. Isoladamente, é fácil apontar o acerto de Moisés ao manter ambos nos cargos que atualmente ocupam, especialmente na Fazenda. No entanto, não deixa de ser contraditório que dos quatro primeiros secretários, dois sejam da antiga estrutura. Afinal, Moisés se elegeu dizendo e repetindo que não existe meia mudança.
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