É interessante observar que conforme o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e seus auxiliares mais próximos reforçam o discurso de confronto nas mais diversas áreas, setores da política conservadora apresentam-se como opções mais lights ao bolsonarismo. Nacionalmente, o governador paulista João Dória (PSDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), são os nomes mais óbvios dessa movimentação que pode resultar uma candidatura de centro-direita em 2022.

Continua depois da publicidade

É do jogo político que presidenciável procurem um trilho a seguir, um nicho de mercado. Bolsonaro fideliza o seus entusiastas de primeira hora, os que o colocaram no páreo da disputa presidencial com um discurso sem concessões ao politicamente correto, à moderação e à contemporização. Bolsonaro é isso, enganou-se quem achou que ele baixaria o tom depois de eleito. É para estes que falam Dória e Maia, entre outros.

Aqui no Estado, por incrível que pareça, a figura que está fazendo esse papel de contraponto ao estilo Bolsonaro dentro do conservadorismo é o governador Carlos Moisés (PSL) – eleito a bordo da onda 17do ano passado. O movimento está em curso e ainda não é fácil entender o quanto dele é estratégia, o quanto é apenas estilo pessoal e quanto é, ainda, o comandante aprender o jogar o jogo político.

Na semana que passou, tivemos o ápice, até agora, desse descolamento de Moisés com o bolsonarismo mais genuíno, na contraposição entre ele e os deputados estaduais Ana Caroline Campagnolo e Jessé Lopes. Não ficou claro se o governador pediu mesmo a expulsão imediata de ambos da sigla por causa das críticas e gracejos que fizeram por discordar da taxação total dos agrotóxicos.

Certo é que um conflito de bastidores está agora exposto. Os parlamentares queixavam-se de não serem atendidos pelo governo, de não influenciarem a indicação de cargos, do desconforto de uma administração do PSL em Santa Catarina ser tão diferente em relação à federal – ambos eleitos pelo mesmo sentimento.

Continua depois da publicidade

Moisés é um caso único na política catarinense e ainda estamos aprendendo a conhecê-lo e, mais importante, decifrá-lo. No seu entorno não parece haver preocupação com a desilusão dos bolsonaristas radicais com seu estilo de governador. Seria compensado com a adesão de eleitores mais moderados. Talvez seja esse o trilho em que o pesselista se sinta mais confortável para se locomover até 2022. Será preciso ver, no entanto, em que trem será essa viagem.