Dificilmente um candidato a presidente em 2018 seria mais associado à política – ou à velha política – do que o tucano Geraldo Alckmin (PSDB). Esse seria o ônus do ex-governador paulista qualquer que fosse sua aliança e até mesmo em caso de chapa pura do PSDB. Ao acertar a coligação com a penca que partidos que formam o notório Centrão, Alckmin abraça o bônus de ser o candidato da política: tempo de televisão, estruturas partidárias espalhadas por todos os rincões do país, uma base parlamentar quase pronta para governar.
Continua depois da publicidade
Não havia opção ao presidenciável tucano. O figurino da tradição política, da experiência administrativa, da moderação em uma época de extremos, era o único que lhe cabia vestir. Foi assim que Alckmin disputou com voracidade uma pré-eleição contra Ciro Gomes (PDT) pela aliança com o bloco liderado por PR, DEM, PP, PRB e Solidariedade. Levou a melhor e agora tem a chance contar com quase metade do horário eleitoral para fazer sua candidatura deslanchar.
É claro que o esperado ônus de ser o candidato da política será potencializado. Nos cenários sem a presença do ex-presidente Lula (PT), a corrida eleitoral tem na liderança os outsiders possíveis – Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede), ambos sem alianças, com oito segundos de horário eleitoral e apostando tudo nas redes sociais para não serem candidatos fantasmas.
A expectativa que fica é a do peso dessa composição de Alckmin com o Centrão sobre a eleição catarinense – lembrando que em plano nacional ele já estava acertado com o PSD do ex-governador catarinense Raimundo Colombo. Os pessedistas fazem neste sábado uma verdadeira convenção suprapartidária para confirmar a candidatura do deputado estadual Gelson Merisio a governador e a de Colombo ao Senado. Além do PSD, outros 10 partidos endossam o projeto.
Peça solta no tabuleiro eleitoral do Estado, o pré-candidato Esperidião Amin (PP) diz que estará presente e seu discurso é a grande expectativa do encontro. O pepista negou ter intercedido junto a Alckmin para que os tucanos catarinenses deixassem de lado a pré-candidatura do senador Paulo Bauer (PSDB) e o apoiassem. O PSDB local fechou a porta – até agora. A aliança nacional de Alckmin com o PP ainda gera apostas de que os projetos podem se aproximar no Estado. Presidente estadual do PSDB, Marcos Vieira diz que Amin está convidado para ser senador na chapa tucana.
Continua depois da publicidade
O que parece claro no momento é que Amin só será candidato ao governo se tiver o apoio de um dos grandes partidos – ou seja, se o PSD desistir de Merisio ou o PSDB largar Bauer. Cenários que hoje parecem pouco prováveis. A lógica também indica que se a opção de Amin for o Senado, o PP penderá à aliança pré-acertada com Merisio desde 2017. Até dia 5 de agosto, prazo final das convenções, tudo pode acontecer. Em Santa Catarina, aliás, essa época costuma ser mais divertida que a própria eleição.