Na sexta-feira, o prefeito florianopolitano Gean Loureiro encerrou o suspense sobre qual seria seu novo partido – seis meses depois de ter deixado o MDB. Definido pelo DEM, Gean parte para a definição do acordo de alianças para a candidatura à reeleição – com um olho nas articulações dos possíveis adversários e outro em uma intensa agenda de obras e inaugurações que iniciou neste domingo e que chama de “super dezembro”.

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No final da tarde de sexta-feira, conversei com o prefeito durante 38 minutos sobre todos esses assuntos, além da expectativa sobre a possível denúncia do Ministério Público Federal na Operação Chabu e a relação com o governador Carlos Moisés.

Leia, em tópicos, o que disse o prefeito sobre cada assunto. Entre parentêses, informações de contexto.

A escolha pelo DEM

Eu já venho trabalhando nessa construção há dois meses, por mais que se tenha especulação de vários partidos. A primeira conversa com o ACM Neto (presidente nacional do DEM e prefeito de Salvador, Bahia) foi na reunião em Salvador na reunião da Frente Nacional dos Prefeitos em outubro. Lá ele falou que queria falar comigo. Foi quem mais teve participação na minha vinda. Eu já tinha sido deputado federal junto com ele, tinha uma relação, mas não tão próxima. Eles são muito estrategistas nessa composição. Tanto que ele lançou nota oficial do DEM nacional ressaltando que é a terceira capital governada pelo partido. Essa questão de disputa (entre partidos pela filiação) foi muito madura porque o diálogo foi muito franco. Tinha dias em que diziam que eu ia para o Republicanos, outros em que era para o Podemos, outro e outro e tal. Na verdade eu já vinha tratando.

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Afinidade com o DEM

O DEM tem muito a minha cara. É um partido que trabalha contra a burocracia, defende parceria com a iniciativa privada, busca por concessões e PPPs, que é o que estou fazendo a marina agora.

Eles já fazem parte da minha administração, trabalharam com a gente na última campanha. Eu não fui para o DEM para ter o apoio do partido, eles já iriam me apoiar mesmo que eu não me filiasse. Não houve o jogo de chantagem que às vezes acontece na política.

Sem exigências

É uma mentira dizer que eu queria a presidência do DEM estadual. Nunca pedi e nem aceitaria porque minha prioridade é a eleição em Florianópolis.

Quem vai junto para o novo partido

Por enquanto eu vou sozinho. Eu não quero chegar sem conversar com o diretório municipal. Óbvio que muita gente vai me acompanhar.

Nós vamos fazer uma chapa para ser a maior bancada, uma meta de eleger cinco vereadores do DEM. Para isso, tem que ter gente com expressão.

Não vai ter aqueles candidatos que preenchem com 200 votos, vai ter que ser todo mundo na faixa de 1 mil. Os 34 candidatos tem que ser top. O DEM já tem certa nominata formada, tem um vereador, quem participou da última eleição. Eu me relaciono muito bem com eles. O presidente municipal, Marcelo Bohrer, já é uma pessoa da minha confiança. Fico muito tranquilo nessa composição.

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O Super Dezembro

Estou lançando o super dezembro. Vou lançar R$ 150 milhões, 180 inaugurações e novas obras em Florianópolis em 31 dias. Tem dias em que vou a sete lugares. Só de praça vou inaugurar 50. Ruas vou inaugurar 50 e poucas. Escolas e creches, sete. Além das grandes obras: Largo da Alfândega, o engordamento da praia de Canasvieiras, o entorno da Ponte Hercílio Luz. São obras de grande porte na cidade que vamos inaugurar. O parque linear dos Ingleses.

Adversários

Eu estou vindo para o DEM já pensando em uma construção, um arco de alianças. Eu nunca vi um cara que está fechando acordo publicar na rede social (pré-candidato a prefeito, Pedrão publicou foto com dirigentes do PSB antes de confirmar a ida para o PL; também pré-candidatos, João Amin, do PP, e Rafael Daux, do MDB, posaram juntos para fotos). O cara está mandando recado para outros.

Meu maior cabo eleitoral é o meu trabalho na prefeitura. Enquanto eles estão falando de política, eu estou falando do maior investimento em um ano da história de Florianópolis, estou falando de entregas que ninguém acreditava.

Bom momento da cidade

Estou vivendo o melhor momento da cidade. Não é só por mim, mas obviamente que o novo terminal do aeroporto, a entrega da Ponte Hercílio Luz, a terceira faixa da via expressa, combinado com tudo o que a prefeitura está fazendo, vira um novo momento da cidade.

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Provável denúncia na Operação Chabu

Imagino que seja natural eles me indiciarem pelas mesmas coisas (que basearam a investigação). Tentar dizer que tem sala secreta onde não tem, que isso, que aquilo. A vantagem para mim é que acabando logo (a apresentação da denúncia do Ministério Público Federal), lá por janeiro ou fevereiro já termina. Vai chegar lá para o desembargador (Leandro Paulsen, do TRF-4, que decide ou não pela aceitação da denúncia). Minha preocupação é sair (a denúncia do MPF) em agosto ou setembro e eu ter que me explicar no meio de uma campanha. Estou preocupado com meu trabalho na prefeitura. O processo que eu vou enfrentar vai me dar a oportunidade de mais uma vez (apresentar defesa) com o desembargador, de não aceitar a denúncia e encerrar de vez essa história. Agora, vai encerrar tudo até fevereiro. Isso para mim será superado. Eu acompanho todo o processo. Foi uma coisa tão ridícula. Uma sala secreta que não existe, um golpe internacional, o Meta 21, umas coisas tolas.

Candidatura desvinculada

Eu não tenho o apoio de ninguém. Sou o candidato meu, o candidato do trabalho da prefeitura.

Nem de Bolsonaro, nem de Moisés. Eu serei o candidato de quem quer continuar o que está sendo feito na prefeitura e vai confiar no Gean. Superei dificuldades financeiras das piores. Hoje ninguém lembra mais daquela greve de 38 dias (contra a reforma administrativa em 2017), aquela greve da Comcap para poder transformar em autarquia. Ninguém imaginava que eu ia abrir a UPA do Continente, que eu ia engordar a praia de Canasvieiras, que eu ia trazer o maior projeto de pavimentação da história de Florianópolis.

A escolha do vice

Eu falo até na frente do João Batista (Nunes, do PSDB, atual vice-prefeito) que o vice vai ser aquele que mais ajudar a ganhar a eleição. O João é muito leal com a gente e está buscando construir esse espaço mostrando que ele pode ser o nome. Eventualmente pode ser outro. Isso tudo é discutido de forma muito aberta com os partidos. Não o partido que vem e diz que quer a vaga de vice. Não, eu pergunto qual é o nome que tens para vice.

Eu preciso de um vice que ajude a administrar a cidade. Se tem um nome que existe politicamente e um que não existe politicamente, vamos botar o que existe e vai ajudar a vencer a eleição.

Eleições de 2022

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Meu planejamento é ficar os quatro anos na prefeitura. Sei que a política é dinâmica e às vezes muda o cenário. Óbvio que como prefeito da Capital quero ser protagonista da construção política, mas não que tenha que participar da eleição.

Clima pesado na Câmara

Tive uma reunião com os 14 vereadores da base na quinta-feira à tarde. Sei como é o vereador, chega no final ano estourado, ainda mais ano pré-eleitoral. Situação e oposição não aguentam mais, fui vereador e sei como é. Ânimo à flor da pele, qualquer coisa dá briga. Disse que é hora de ter calma. Ainda temos votações importantes. Eu disse para termos tranquilidade, faltam seis sessões para terminar ano. A partir do ano que vem as conjunturas políticas já formadas, fica claro quem efetivamente vai estar contigo no processo eleitoral. Acho que essa conversa tranquilizou muito eles. Eu que já vivi cinco mandatos, tenho experiência, às vezes uma palavra minha ajuda. Essas discussões não são boas para o parlamento, para a imagem do parlamento.

Relação com o governo Moisés

Eu não tenho intimidade com o governador e nem uma relação intensa, diferente de outros governadores. Cada um tem seu estilo. Mas eu não reclamo do Estado, não. Tive uma audiência com o governador e tudo que eu levei, ele me atendeu. Os secretários de Estado, uns com mais facilidade, outros menos, mas todos estão trabalhando em conjunto com as coisas de Florianópolis. Quando aperta eu vou lá.