Em setembro de 2007, no último dia de prazo para mudança de partido antes da eleição municipal do ano seguinte, o então prefeito Dário Berger, de Florianópolis, fez um gesto ousado: trocou o PSDB pelo PMDB, levando junto todos os secretários e vereadores – entre eles, Gean Loureiro. Era o início de um ciclo muito forte para o PMDB, depois MDB, da Capital, com duas vitórias para a prefeitura em três disputas.

Continua depois da publicidade

Nesta terça-feira, o prefeito Gean Loureiro deu fim a esse ciclo emedebista responsável pela reeleição de Dário em 2008 e por sua própria vitória em 2016 com outro gesto de ousadia política. Ele confirmou os rumores das últimas semanas e protocolou a desfiliação do MDB. Uma tentativa clara de fugir do desgaste nacional da sigla na disputa pela reeleição ano que vem.

Há diferenças claras em relação ao gesto político de Dário em 2007. Na época, o hoje senador fugia do isolamento oposicionista do PSDB em relação ao governo de Lula. A mudança de partido foi fundamental para melhorar o acesso a recursos federais. Além disso, Dário começava a projetar um caminho como sucessor de Luiz Henrique como liderança maior do MDB – uma caminhada que continuará se ele for eleito presidente estadual do partido no sábado, em disputa interna com o deputado federal Celso Maldaner.

Por sua vez, Gean dá um grito de independência. Um grito contido, sem agressividade. Sai após muitas conversas com as principais lideranças do MDB estadual – de Dario a Maldaner, de Eduardo Pinho Moreira a Mauro Mariani. O périplo terminou nesta terça-feira no almoço semanal da bancada estadual. O prefeito tenta sair pela porta da frente – não levará, agora, aliados com ele. Antecipou a saída para evitar que o gesto fosse vinculado ao resultado da convenção.

Gean deve ficar até o final do ano sem partido. Diz que a prioridade é a administração da cidade. Ainda na terça, fechava os últimos detalhes para um financiamento de R$ 100 milhões junto à Caixa para obras de infraestrutura. Acelera antes do ano eleitoral.

Continua depois da publicidade

O futuro partido está indefinido ainda e muitas são as opções. O senador Álvaro Dias já conversou com o prefeito sobre possível filiação ao Podemos – futuro destino do grupo do ex-deputado Paulo Bornhausen. O PSB, agora de Carlos Amashta também têm portas abertas. Há conversas com o DEM de João Paulo Kleinübing, com o PL do senador Jorginho Mello, com PRB, com PSC. Só uma coisa está definida: Gean não vai para os extremos. É pelo caminho do meio que ele pretende construir a reeleição.

Reveja o programa Cabeça de Político em que Gean Loureiro fala sobre o desconforto no MDB e antecipa a possibilidade de sair do partido: