Segunda-feira: o agora ex-ministro Gustavo Bebianno (PSL) finalmente foi exonerado da secretaria-geral da Presidência da República; o deputado federal e terceiro filho Eduardo Bolsonaro (PSL) negou que participe de articulação para recriar a União Democrática Nacional (UDN) como rota de fuga da crise das candidatas laranja do PSL, motivo da queda do ministro. Talvez esse seja o fim da primeira crise política do governo Jair Bolsonaro, mas não deve encerrar essa contradição partidária que permeia sua gestão.
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Qual é a contradição? Bolsonaro alugou um partido nanico que pertence a um político baixo clero de Pernambuco, Luciano Bivar.
Sob a inspiração do capitão, comando de Bebianno e surfando a onda conservadora, o nanico virou gigante – inclusive em Estados como Santa Catarina, onde o PSL elegeu o governador Carlos Moisés da Silva.
Passada a eleição, Bivar reassumiu o partido. Uma bancada mais do que heterogênea de deputados tenta ganhar força e voz. Na prática, Bolsonaro não tem um partido que possa controlar.
Será importante observar os próximos passos da consolidação do PSL, especialmente os efeitos em Santa Catarina. Aqui, a crise chegou mais cedo – sem denúncias, pelo menos. Indicado dono do partido em abril do ano passado e quase eleito senador em outubro, Lucas Esmeraldino bateu de frente com parte da bancada de deputados federais. Chegaram a uma equação, sem a participação de Moisés.
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Entrando no perigoso terreno da especulação e ignorando a negativa de Eduardo Bolsonaro sobre a recriação da UDN, é possível imaginar que se a família Bolsonaro decidir por um novo destino partidário haverá uma divisão dessa força conquistada na urna em 2018. A nova sigla teria direito a filiar parlamentares, mas nasceria quase sem tempo de televisão e fundo partidário. Com os resultados do ano passado, o PSL é o segundo partido nos dois critérios – embora não tenha precisado deles para ser campeão de votos.