O Brasil deve viver em 2018 uma contradição entre um clamor por renovação na política, especialmente nos legislativos, e uma campanha eleitoral limitada a 45 dias com a maior parte do dinheiro a que os candidatos terão acesso concentrado nas mãos dos caciques partidários. Um cenário muito difícil para jogadores que estão hoje fora do tabuleiro.

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De forma irônica, há quem acredite que o efeito do desgaste da classe política terá como única influência nas eleições parlamentares a redução das votações, mas não o suficiente para uma ampla mudança de nomes. O fim das doações empresariais e a criação de um bilionário fundo eleitoral a ser repartido entre os candidatos devem levar à redução do número de candidaturas – ou, no mínimo, a concentração de forças nos considerados mais viáveis.

Para furar esse bloqueio antinovidades, um grupo de célebres empresários criou um fundo para fortalecer pré-candidaturas legislativas. À frente do RenovaBR está o empresário Eduardo Mufarej, presidente do grupo que controla a editora Saraiva e o cursinho Anglo – participam como apoiadores o apresentador e supostamente ex-presidenciável Luciano Huck, o economista Armínio Fraga, o treinador Bernardinho e a atriz Maitê Proença, entre outros.

Entre 4 mil candidatos que passaram por testes e entrevistas, foram escolhidos 100 nomes que vão receber bolsas de R$ 5 mil a R$ 8 mil entre janeiro e julho de 2018, período pré-eleitoral, além de cursos de capacitação. A lista completa será divulgada no dia 31, mas os escolhidos já foram avisados. Pelo menos cinco nomes são de Santa Catarina.

Adriana Dornelles era coordenadora regional do Vem Pra Rua em Mafra e está em processo de filiação ao Novo. Alisson Júlio (Rede) foi candidato a vereador em Joinville em 2016, alcançando 1,7 mil votos. Arão Josino preside o PSD Jovem e tem um cargo de articulação política na Casa Civil do governo estadual. Israel Rocha coordena no Estado a Fundação João Mangabeira, ligada ao PSB. Leonardo Secchi (PSB) é pró-reitor da Udesc e disputou a última eleição para deputado estadual, quando recebeu 8 mil votos.

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Todos têm um perfil jovem, entre a centro-esquerda e a centro-direita e nunca ocuparam cargos eletivos. Com o apoio do RenovaBR terão a chance de furar o bloqueio dos caciques. Há quem veja no projeto uma forma de burlar o veto às doações empresariais. A ligação com o fundo dos empresários e as ideias que ele abraça são informações que podem contar a favor ou contra dependendo do perfil do eleitor, mas a iniciativa é interessante em um cenário tão avesso às chances de renovação.