Para todo problema complexo existe sempre uma solução simples, elegante e completamente errada. Tirando a parte da elegância, a frase do jornalista americano H. L. Mencken caberia bem para resumir a criação do fundo especial de financiamento eleitoral, o polêmico fundão eleitoral. Reportagem do colega Lucas Paraizo mostra que o esse polêmico instrumento é responsável por quase metade da arrecadação dos candidatos em Santa Catarina, embora chegue a menos de 10% deles.
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Esse concentração é inevitável. Por mais exuberantes que sejam, os R$ 2 bilhões que compõem o fundão são insuficientes para irrigar as campanhas de 33 partidos políticos registrados em 5.570 municípios de todo o Brasil. Na pesquisa da reportagem do Diário Catarinense, os partidos já haviam enviado R$ 24 milhões para diretórios e candidatos catarinenses – um valor que deve crescer substancialmente na reta final das campanhas.
Mesmo que os recursos cheguem em volume ainda maior nos próximos dias, o fundão será motivos de disputas internas, brigas e muito ciúme dos candidatos que se sentirem injustiçados ou preteridos no rateio. Por outro lado, quem não o usar – por iniciativa própria, por falta de prestígio com os caciques ou até por estratégia – vai tentar carimbar nos adversários o uso do impopular fundão como um demérito: usar dinheiro público para pedir votos.
Volto, assim, à frase de Mencken que abre o texto. O Fundão foi criado como alternativa à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu doações empresariais nas campanhas eleitorais. Até então, o financiamento público era uma bandeira defendida apenas pelas esquerdas, como forma de reduzir a influência privada no voto e dar mais equilíbrio ao jogo. Em meio ao desespero pelo fechamento das torneiras empresariais e as dificuldades de arrecadação junto a pessoas físicas nas eleições de 2016, o Congresso Nacional criou o Fundo Eleitoral – sob críticas da sociedade.
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O Fundão é uma solução simples e errada para o complexo problema que é o financiamento das eleições. Com o custo que as campanhas têm, a quantidade de cargos e disputa e o número irreal de partidos que representam tão pouco, não há bilhão que chegue. Quanto mais for investido nele, maior será sua rejeição. Em algum momento, os partidos vão precisar voltar a debater o financiamento eleitoral antes que sejam vítimas do veneno que criaram.
Colombo pelo Estado

O ex-governador Raimundo Colombo (PSD) está na estrada nesta campanha eleitoral. Esteve em 95 municípios de todas as regiões do Estado para levar apoio a candidatos do PSD ou coligados. Na semana que passou, fez roteiro por cidades do Sul, como Criciúma – onde o PSD tem Ricardo Fabris como vice de Clésio Salvaro (PSDB) na chapa que disputa a reeleição.
Lá como aqui
Os eleitores de Santa Catarina já viveram “eleições americanas”. Em 2002, Luiz Henrique virou sobre Esperidião Amin quando computados os votos de Joinville. Em 2016, em Florianópolis, Angela Amin estava praticamente eleita quando chegaram do bairro Tapera os votos que Gean Loureiro precisava para vencer.
Conselheiro eleito
Uma emenda constitucional inusitada começou a tramitar na Assembleia Legislativa. A proposta do deputado estadual Cesar Valduga (PCdoB) estabelece eleições diretas e mandato de quatro anos para as vagas de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Continuariam valendo a idade mínima de 35 anos, a idoneidade moral e reputação ilibada, além de formação em Direito, Administração Pública, Ciências Contábeis ou Economia. As eleições não poderiam coincidir com as de deputado e governador.
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Concisas
– Daniela Reinehr (sem partido), mesmo como governadora interina, continua não sendo levada a sério na Assembleia Legislativa.
– Bolão de apostas no parlamento é de que julgamento sobre o mérito do impeachment de Carlos Moisés será feito até o fim de novembro. E que ele volta ao governo.
– Passada a eleição municipal, o foco da Alesc passa a ser a própria sucessão. Teste para a liderança de Júlio Garcia (PSD), que não pode ir à reeleição.
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