José Fritsch estava na linha. Queria falar sobre a decisão do governador Carlos Moisés (PSL) de cobrar a tarifa máxima de ICMS dos agrotóxicos – ou defensivos agrícolas, como preferir –, acabando com o incentivo fiscal que zerava essa alíquota. É o tema do momento, pelo peso que a tributação tem sobre a cadeia produtiva do agronegócio e pelo debate que gera na sociedade o uso desses produtos químicos.
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Não pude deixar de lembrar que Fritsch quase foi Moisés em 2002, quando o desejo de mudança dos brasileiros tinha sinal contrário e a chamada Onda Lula mexeu com a política catarinense quase tanto quanto a Onda Bolsonaro ano passado. O petista Fritsch não era desconhecido como Moisés, pois fora prefeito de Chapecó, mas era um intruso em uma eleição desenhada para a polarização entre Esperidião Amin e Luiz Henrique.
A bordo da onda que deu ao PT as maiores bancadas do Estado e elegeu Ideli Salvatti senadora, Fritsch ficou a menos de três pontos percentuais de ultrapassar Luiz Henrique e ir para o segundo turno – etapa em que o apoio do PT ao peemedebista foi fundamental para a virada. O resto é história.
Voltando ao presente, Fritsch é mais um nome de esquerda a elogiar a disposição do pesselista Moisés de dificultar a vida do agrotóxico. No entanto, pela origem oestina, faz ponderações interessantes. O petista defende que haja engajamento para aprovar a Política Nacional de Redução dos Agrotóxicos –aprovada nas comissões da Câmara dos Deputados e à espera de que o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) a coloque em pauta.
Além disso, Fritsch defende um meio-termo na taxação dos agrotóxicos. Ele pontua que podem ter imposto maior os defensivos agrícolas mais agressivos, enquanto outros continuem subsidiados.
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— Precisamos ter uma política de incentivo à agricultura sem agrotóxicos não apenas na questão do imposto, porque se for só pelo imposto o produtor vai comprar nos Estados vizinhos ou até mesmo recorrer ao produto clandestino, que é muito pior. Precisamos de uma solução gradual – diz Fristch, o quase Moisés.
Ondas vem e vão, como aconteceu com os petistas e com os pesselistas ano passado. Aos poucos, o governador parece tentar se descolar da onda que o elegeu e até mesmo do bolsonarismo – o presidente Bolsonaro está afrouxando a regras de liberação de defensivos agrícolas. Moisés parece ter escolhido esse tema como uma afirmação de identidade. A conferir se vai resistir às pressões.