O governador eleito Carlos Moisés da Silva (PSL) chegou a prometer que a desativação das 20 agências regionais de desenvolvimento (ADRS, antigas SDRs) seria o primeiro decreto de seu governo. Não foi, mas ninguém há de reclamar dessas três semanas de atraso – o texto foi assinado no dia 18 e seria publicado no Diário Oficial do Estado com data de segunda-feira (21).

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O importante é que a mais palpável das promessas de campanha do comandante entrou em fase de execução ainda no primeiro mês de governo. Até maio, as polêmicas regionais criadas por Luiz Henrique da Silveira (PMDB) em 2003 serão passado.

O decreto detalha a transição burocrática do encerramento dessa fase da gestão político-administrativa do Estado catarinense. O modelo sempre funcionou mais no lado político do que no administrativo. Secretários regionais tornaram-se prefeitos, deputados, alçaram voo – alguns estão consolidados em mandatos.

Administrativamente, é possível fazer uma comparação jocosa com os modelos de comunismo adotados no mundo – seus defensores sempre estão prontos a dizer que os erros foram causados por quem não seguiu direito a cartilha.

Aquela lógica defendida por Luiz Henrique de que as secretarias centrais formulariam as políticas e toda a execução de gastos seria feita descentralizadamente nas regionais nunca funcionou assim de fato, nem com o emedebista.

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O sucessor Raimundo Colombo (PSD) esvaziou os orçamentos das pastas até que lhes restasse apenas a burocracia e o trato com os prefeitos – justamente as questões que o decreto de Moisés regulamenta uma transição para poder dar fim efetivo às estruturas.

Por coincidência, segunda-feira o governador recebeu para uma audiência na Casa d’Agronômica o novo presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), o prefeito tubaronense Joares Ponticelli (PP).

O pepista estava na linha de frente da oposição a Luiz Henrique na Assembleia Legislativa quando as então secretarias regionais foram implantadas. Na conversa com Moisés, Ponticelli sugeriu o uso das 21 associações de municípios que formam a Fecam como substitutas das ADRs na interface política entre os prefeitos e o governo estadual.

Há uma interessante troca de afagos entre o governador e o prefeito – ambos com origem política em Tubarão. Moisés foi à posse de Ponticelli no comando da Fecam no dia 15 de janeiro, quando anunciou uma central de atendimento aos prefeitos vinculada à Casa Civil. Ponticelli foi um dos mais fiéis cabos eleitorais de Gelson Merisio (PSD) na campanha eleitoral ano passado, mas questão regional comum – e alguns aliados – parecem fazer com que isso não seja empecilho para a construção de um trabalho conjunto.

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Com a experiência de deputado estadual líder de governo, líder de oposição, presidente da Assembleia e agora prefeito, Ponticelli deve tentar dar à Fecam um protagonismo que não vinha alcançando. Não conseguirá isso sem parceria no Centro Administrativo.