Poucas coisas são tão difíceis na política catarinense quanto emparedar Raimundo Colombo (PSD). Diante da pressão colocada pelo PMDB do vice Eduardo Pinho Moreira e pelo PSD do pré-candidato Gelson Merisio para que ele deixasse o governo em janeiro ou abril do ano que vem, o governador mostrou mais uma vez essa habilidade.
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Aos jornalistas convidados para um almoço na Casa d’Agronômica ontem, Colombo anunciou “início de transição” no final de janeiro, licença para fazer um curso na Espanha na metade de fevereiro e a renúncia em si em abril – data-limite para ficar apto a concorrer ao Senado. Um meio-termo para as posições extremas de Pinho Moreira e Merisio, bem ao estilo do lageano.
Na prática, a transição já começou. Colombo já discute com o vice peemedebista as questões relativas ao orçamento e outras medidas financeiras que tenham impacto em 2018. Na semana passada, Moreira acompanhou o governador nas agendas com o presidente Michel Temer (PMDB) e o ministro Henrique Meirelles (PSD).
Agora, devem acelerar a composição do futuro secretariado. Não é segredo para ninguém no Centro Administrativo que o secretário Nelson Serpa (PSD), da Casa Civil, desejava deixar a pasta antes da renúncia de Colombo. Extremamente leal ao governador, ele foi se deixando convencer a ficar. Sua saída, possivelmente no final de janeiro, deve ser a senha para a reforma no secretariado que o deixe mais parecido com um governo Pinho Moreira.
O peemedebista deixa claro que assimilou bem a solução dada por Colombo. Parou de mandar recados de que também poderia renunciar e concorrer ao Senado ou deputado federal, por exemplo. Passou a falar abertamente como futuro governador.
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A expectativa está agora na reação de Merisio. Semana passada, ele sinalizava que poderia criar empecilhos na Assembleia Legislativa a uma possível licença de Colombo – considerando que a saída por mais de 15 dias precisa de autorização dos deputados estaduais. Ontem, Colombo disse que acha legítimo que o correligionário tenha posições diferentes das dele e do governo. Considera, porém, um “absurdo” e falta de “bom senso” acreditar que o parlamento possa lhe negar uma licença depois de sete anos no governo.