Farinha do mesmo saco. É com essa expressão que o governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) classifica os pré-candidatos Gelson Merisio (PSD) e Esperidião Amin (PP), prováveis oponentes do emedebista Mauro Mariani nas urnas em outubro. A fala do governador faz parte da entrevista que concedeu ao programa Cabeça de Político, que conduzo no site NSC Total – e que retorna após uma pausa de um mês.

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É curiosa a expressão usada por Pinho Moreira. Embora tenha um tom pejorativo, é inegável que Merisio e Amin são farinha do mesmo saco – ou vinho da mesma pipa, se preferirem. Ambos, por caminhos diferentes talvez, buscam retomar as origens da disputa política estadual, quando PDS e PMDB se opunham e o PFL era o parceiro preferencial do primeiro.

Em 1990, primeira eleição em que se consolidou o quadro multipartidário e as alianças se tornaram necessárias, a expressão foi utilizada justamente por Amin. Ele se referia à possibilidade de aliança entre o PMDB e o novato PSDB, fundado dois anos antes por dissidentes peemedebistas. Naquele ano, PDS e PFL se aglutinavam na coligação União por Santa Catarina e Amin comentava a possibilidade de aliança entre os adversários. Na época, disse que seria positivo, porque os partidos eram “farinha do mesmo saco”, como também o eram as siglas de sua aliança.

Nas últimas duas décadas, as farinhas se misturaram até o ponto em que ficou difícil dizer de que saco provinham. Desta vez, parece que em gênese um realinhamento da tradição política estadual. Assim como em 1990, a posição do PSDB é muita aguardada. O partido é maior do que era e perdeu a condição de esquerda light que ostentava naqueles tempos. A escolha da época foi rejeitar o PMDB de Paulo Afonso Vieira e lançar a candidatura própria do então senador Dirceu Carneiro – quatro colocado na disputa vencida em primeiro turno por Vilson Kleinübing. Hoje, o PSDB tem como pré-candidato ao governo o senador Paulo Bauer, ex-PDS e ex-PFL.

Voltando à entrevista com Pinho Moreira, que estará disponível no site NSC Total no início da tarde de hoje, antecipo aqui que ele fala sobre a decisão de desistir de disputar a eleição para o governo. O emedebista almejou a cabeça de chapa três vezes na vida: em 1998 perdeu a prévia do PMDB; em 2002, venceu e aceitou ser vice de Raimundo Colombo (PSD); agora, recolhe-se. Sabe que foi a última chance.

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O governador também diz que não tinha conhecimento pleno da situação das contas do Estado – um dos motivos que elencou para justificar a decisão de não concorrer. Elogia o antecessor Colombo, mas diz que faltou transparência e sobrou otimismo.

— Ele dizia que Santa Catarina seria o último Estado a entrar na crise e o primeiro a sair. Não foi bem assim. Há Estados em situação melhor – afirmou.

Confira a entrevista na íntegra: