Em janeiro, o anúncio de que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) iria se filiar ao PSL para disputar a Presidência da República pôs fim a uma conspiração que estavam sendo feita às claras. Aos poucos e de forma programada, o movimento liberal Livres estava ocupando o partido nanico para transformá-lo em uma legenda a suas feições.

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O movimento foi interrompido por incompatibilidade de gênios. A aquisição do passe de Bolsonaro foi costurada pela velha cúpula do partido em oposição à movimentação que buscava trazer grifes do liberalismo tupiniquim para a legenda – a economista ex-tucana Elena Landau era um exemplo eloquente. Fora do PSL, o Livres decidiu espalhar seus membros entre outras legendas para disputar eleições parlamentares. Podemos, Novo, PPS e Rede foram os abrigos escolhidos.

Santa Catarina era uma das células mais avançadas da metamorfose do PSL/Livres. Alexandre Paiva, um dos rostos do Movimento Brasil Livre que mais apareceu durante as manifestações em Florianópolis pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), havia sido conduzido à presidência estadual da sigla e projetava lançar candidaturas parlamentares e um empresário ao governo – Luciano Hang estava na mira.

A chegada de Bolsonaro também afetou o projeto. O grupo seguiu a orientação nacional e desistiu do PSL. Das quatro opções colocadas, rejeitaram de antemão o PPS e a Rede, em quem enxergam cores esquerdistas. Iniciaram conversas com o Novo, mas avançaram com o Podemos. O partido que pretende lançar o senador paranaense Álvaro Dias à Presidência quer o Livres para dar um gostinho de juventude liberal ao projeto. Presidente nacional da legenda, a deputada federal Renata Abreu incentivou o abrigo ao movimento em diversos Estados.

Mês passado, Paiva esteve no gabinete do deputado estadual Natalino Lazare, que migrou para o Podemos em 2017. As conversas passam por ele, pelo presidente estadual da sigla, Vilson Sandrini, e por Brasília. O Livres quer lançar uma candidatura a deputado federal – Paiva – e cinco a deputado estadual. Com o mapa de SC na mesa, partido e movimento tentam evitar choques, mas nada incontornável.

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Livres e Novo são tentativas por vias diferentes de criar uma legenda de perfil liberal e com nomes de fora da política. No caso dos Novo, a ideia é lançar apenas candidatos a deputado federal e, talvez, ao Senado. O partido realiza uma espécie de edital para interessados e tem atualmente 10 nomes para a disputa — espera chegar a 15.

Até onde novos e livres podem chegar ainda é uma incógnita.