João Rodrigues nunca fez política em silêncio. Homem de comunicação e fala popular, foi com voz empostada e opiniões firmes que se fez político pelas ondas do rádio e da televisão. Ao longo dos anos, construiu uma rede estadual de apoios políticos.

Continua depois da publicidade

Em Chapecó, cidade que o colocou no primeiro time da política do Estado, foi eleito prefeito em 2004 desalojando o PT que comandava a prefeitura nos dois mandatos anteriores com José Fritsch e Pedro Uczai. Essa questão local carregou as tintas da rivalidade. Depois de Rodrigues, os petistas nunca mais governaram Chapecó.

Antes de comandar a maior cidade do Oeste, foi vice e prefeito de Pinhalzinho e teve uma rápida passagem, meio mandato, pela Assembleia Legislativa. Sua saída abriu espaço para Gelson Merisio, sempre correligionário e com a mesma base. Juntos, viraram campeões de voto na região e no Estado nos últimos anos. A vontade de liderarem o projeto do PSD na eleição estadual deste ano opôs ambos nos últimos meses.

O primeiro mandato de Rodrigues como deputado federal praticamente não existiu. Assumiu a Secretaria Estadual de Agricultura de Colombo e só voltou ao plenário na data limite para poder disputar a reeleição. Na secretaria, azeitou uma ampla rede estadual de prefeitos e vereadores com o plano de ser o deputado mais votado e mais estadualizado da eleição de 2014. Quase conseguiu, perdeu apenas para 0 ex-governador Esperidião Amin (PP).

Em 2015, Rodrigues queria voltar para o secretariado, mas foi vetado por Colombo. O governador não perdoou a campanha ostensiva do aliado contra a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Colombo pediu discrição e silêncio dos pessedistas que por questão ideológica não poderiam cerrar fileiras com a petista. Três coisas que Rodrigues nunca utilizou em sua carreira: discrição, silêncio, apoio ao PT.

Continua depois da publicidade

De volta à Câmara, o pessedista mostrou ao país o estilo que o consagrou. Bateu boca na tribuna com o psolista Jean Willys, a quem chamou de “escória”. Foi flagrado vendo vídeos, como posso dizer, inadequados, em plenário. Sempre se defendeu de peito aberto nas redes sociais, onde tem linha direta com eleitores fiéis. Nada se compara à tempestade que vive agora, com emissoras de televisão transmitindo ao vivo a hora em que o parlamentar entra em um camburão no aeroporto.

O passado condenou o vice-prefeito de Pinhalzinho, o presente expõe o deputado em praça pública, o futuro de Rodrigues na política é incerto.