Na conversa com jornalistas na última quarta-feira, uma fala do governador Raimundo Colombo (PSD) passou quase despercebida nas avaliações. O pessedista disse que as dificuldades para manter as contas em dia ao longo de 2017 fizeram com que ficasse imerso na administração e pouco atento às questões de articulação política. E que a partir de agora poderia entrar firme no assunto.
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Foi nesse vácuo de articulação que o deputado estadual e pré-candidato a governador Gelson Merisio (PSD) construiu seu projeto. Em fevereiro, um encontro de lideranças do PSD e o PSB em Florianópolis deu a largada oficial à pré-candidatura, com direito a discurso do próprio Colombo colocando combustível na empreitada: “Queremos, sim, disputar a eleição de 2018 e com candidato a governador. E mais: queremos ganhar a eleição”.
Na época, Colombo ressaltou que não existiam “amarras” ou “dívidas” que prendessem o partido ao PMDB. Nos dias seguintes, as fortes reações dos peemedebistas fizeram o governador baixar o tom, contemporizar, dizer que era o momento de cada partido construir seu projeto e depois avaliar alianças.
Merisio avançou. Manteve o PSB, enlaçou lideranças do PP para isolar o potencial adversário Esperidião Amin, atrelou siglas médias e pequenas à sua pré-candidatura.
O estilo de Merisio na construção desse projeto acabou afastando Colombo nesse meio tempo. Críticas constantes ao PMDB, eleito pelo parlamentar como antagonista, elogios aos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSC) em detrimento a Geraldo Alckmin (PSDB) – preferido do governador -, vários fatores criaram esse afastamento.
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Com isso, Colombo parece ter voltado ao jogo político mais interessado na continuidade da aliança, projeto que depende diretamente da implosão das pré-candidaturas de Merisio e de Mauro Mariani (PMDB). No primeiro caso, incentivou a volta de Júlio Garcia ao circuito, o que resultou no lançamento do deputado federal João Rodrigues (PSD) como pré-candidato alternativo. Um movimento que fragiliza a estratégia de fato consumado aplicada por Merisio.
Para o lado peemedebista, o articulador Colombo coloca tinta na caneta do vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) ao antecipar para fevereiro a posse informal do colega de chapa. A gestão Pinho Moreira começou timidamente na terça-feira, quando Acélio Casagrande (PMDB) foi nomeado secretário executivo de Articulação Estadual, cargo vago até então. Os nomes ligados ao vice devem continuar aparecendo no Diário Oficial e dando musculatura a mais uma pré-candidatura alternativa no PMDB, fragilizando Mariani. Como se vê, há lógica nos movimentos que colocaram diversos pontos de interrogação nas trincheiras pessedista e peemedebista.