Não existe nova ou velha política, existe a politica. E não existe política sem briga por espaço. Estes primeiros dias do PSL no poder em níveis federal e estadual deixam claros esses conceitos.
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No final da tarde de sexta-feira (18), os pesselistas catarinenses chegaram a um acordo que deve serenar a disputa local pelo controle da sigla. Mas, não se engane, esse cabo de guerra entre o presidente estadual Lucas Esmeraldino e a maior parte da bancada federal do partido continuará esticado nos bastidores.
Havia muita expectativa sobre a vinda do vice-presidente nacional do PSL, Antônio Rueda, a Florianópolis para equacionar a crise interna que veio à tona quando os deputados federais eleitos Caroline de Toni, Daniel Freitas e Coronel Armando pediram publicamente a destituição de Esmeraldino da presidência estadual do partido, assim como de toda a nova executiva partidária nomeada por ele ao final do ano passado – excluindo os parlamentares eleitos.
Eles também se queixam de que o presidente tem impedido que os eleitos influenciem a formação das executivas municipais em suas bases. Esmeraldino defendia que os donos de mandato não ocupassem postos na direção partidária.
O pano de fundo é óbvio: quem terá o comando do partido para preparar as eleições municipais – o momento de verdadeira consolidação e entranhamento da legenda na sociedade brasileira e catarinense.
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Acompanhado do coordenador do PSL na região Sul, o deputado federal Francisco Francischini (PSL-PR), Rueda atuou como árbitro neste primeiro momento. Do encontro, saiu a decisão de manter Esmeraldino na presidência, mas incluir todos os eleitos na executiva – Caroline e Freitas nos postos-chave de primeira vice-presidente e secretário-geral.
A decisão pode ser lida como a conquista de um consenso e da pacificação do ninho pesselista. Pode ser lida como vitória de Esmeraldino, mantido no comando estadual da sigla. Pode ser lida como vitória dos insurgentes, que conseguiram voltar à direção partidária e dissolver uma executiva escolhida a dedo pelo presidente estadual. Essas versões serão ditas por aí, aceitas acolá. Nenhuma delas contempla a realidade.
Em nível federal e estadual, o PSL é a bola da vez. Tem tudo para tornar-se a grande sigla da direita conservadora brasileira – órfã de um partido desse porte desde que o PDS envelheceu, encolheu, fragmentou-se. As lideranças pesselistas são quase todas novatas. Vão aprender errando.
Na novela encerrada na sexta-feira, Caroline, Freitas e Armando aprenderam que Esmeraldino ainda tem crédito com a cúpula nacional. Ao mesmo tempo, Esmeraldino aprendeu que esse crédito acaba muito rápido se ele achar que pode isolar os deputados federais do partido. São eles que vão votar em Brasília quando chegarem ao Congresso as reformas do governo Jair Bolsonaro (PSL).
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