As mudanças no secretariado estadual promovidas pela governadora interina Daniela Reinehr (sem partido) trouxeram dois nomes da política para a equipe do governo. A deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) era uma aposta quase óbvia, pelo currículo e pelo trânsito político e por já ter sido convidada anteriormente. Muito menos óbvia foi a escolha do ex-deputado federal Leodegar Tiscoski (Progressistas) para assumir a Secretaria de Infraestrutura.

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O nome do ex-parlamentar começou a circular ainda no sábado, no calor da decisão que o Tribunal do Impeachment tomou na noite anterior, quando por 6 votos a 4 decidiu afastar o governador Carlos Moisés (PSL) para responder ao julgamento por crime de responsabilidade na compra fraudulenta de respiradores de UTI. Sem mandato desde 2007, quando encerrou seus 12 anos como deputado federal, Tiscoski tem uma longa carreira política iniciada nos anos 1980 e com passagem por diversos órgãos de gestão – mas era visto como alguém fora do jogo.

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Um dos órgãos pelos quais o ex-deputado estadual e federal passou foi justamente a Secretaria de Transportes e Obras, atual Infraestrutura. Foi entre 1999 e 2002, no segundo governo do hoje senador Esperidião Amin (Progressistas). E foi justamente Amin um dos nomes consultados por Daniela antes de efetivar o convite. A cena é inusitada: na segunda-feira, ainda como vice-governadora, Daniela foi a Brasília participar do encontro da bancada federal catarinense com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Na volta, sentou ao lado de Amin e do deputado federal Rogério Peninha (MDB).

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– O Peninha é bom de conversa e fez ela falar uma porção de coisas sobre nomeações. Ele citou os nomes que vinham sendo especulados. Quando disse o nome do Leodegar, eu fiquei atento. Então, a governadora me perguntou sobre ele.

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Amin diz que não indicou o secretário e que não pretende apadrinhar nomes no governo interino, mas admite que elogiou o trabalho e a trajetória do correligionário. Segundo o senador, ela perguntou se Tiscosky havia sido secretário no governo dele, que confirmou.

– Ela pediu referências e eu disse que é competente, correto, um companheiro de partido. Ela deu a entender que tinha ficado satisfeita com o depoimento. Eu disse que não faria indicações, que não tenho propósito de fazê-las, mas que não podia deixar de fazer meu depoimento e minhas referências a um companheiro que trabalhou comigo por tanto tempo – contou Amin.

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Na terça-feira, Tiscoski foi um dos seis novos membros do primeiro escalão anunciados por Daniela. Nos bastidores há múltiplas leituras sobre como o nome do ex-deputado chegou à governadora interina, mas a maior parte delas converge na intenção de fazer um gesto ao Progressistas. A governadora interina conversou com o secretário Altair Silva (Progressistas), deputado estadual licenciado, para pedir que permanecesse à frente da pasta da Agricultura. Um dos votos no Tribunal do Impeachment é de um deputado do partido, José Milton Scheffer – que ocupava a função de líder do governo Moisés na Alesc.

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Outra avaliação trata da experiência de Tiscoski como executivo de governos e o trânsito em Brasília, onde além de parlamentar também ocupou cargos de direção no Ministério das Cidades nos governos de Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT. Ele substituiu na Secretaria de Infraestrutura o major Thiago Vieira, da cota pessoal do governador afastado Carlos Moisés.

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