Em público, todos os principais partidos argumentam e apresentam números incontestes de que saíram vencedores das eleições 2020 em Santa Catarina. O papel, o discurso e os números – se bem escolhidos – aceitam qualquer coisa. Mas o que fica claro quando se olha para os resultados das disputas municipais do Estado é que não há um grande vencedor.
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Mas o que seria um grande vencedor em uma disputa que se trava nos 295 municípios catarinenses, cada um com sua particularidade? Seria uma liderança que despontasse, por resultado eleitoral próprio ou pelo apoio que deu, como forte pré-candidato a governador do Estado. Seria um partido que pudesse bater no peito e garantir que as posições conquistadas nos municípios tornavam inconteste sua condição de liderar uma ampla aliança política. Os resultados mostraram que não. Todo mundo vai ter que conversar muito e com muita humildade para construir 2022.
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Isso não significa que não haja vencedores pontuais. Gean Loureiro, eleito em primeiro turno em Florianópolis, ganhou musculatura para o jogo estadual. Mas, filiado ao ainda pequeno DEM, precisará de uma composição ampla se quiser arriscar a sorte nas eleições estaduais. Clésio Salvaro, reeleito em Criciúma, confirma a liderança no Sul do Estado, mas viu o PSDB encolher. Antídio Lunelli, reeleito em Jaraguá do Sul, é a aposta da vez de um MDB que ainda tem o maior número de prefeitos e vereadores, mas encolheu e mostra dificuldade nos maiores centros urbanos. O empresário que flerta com o bolsonarismo é o futuro do maior partido do Estado? Os emedebistas vão responder.
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O que as eleições de 2020 dizem para as de 2022
O segundo turno deu uma vitória espetacular a Mário Hildebrant (Podemos), numa eleição que chamuscou lideranças que disputaram a eleição, como o ex-prefeito João Paulo Kleinübing (DEM), mas também quem não disputou, como Napoleão Bernardes (PSD), também ex-prefeito. Mas Hildebrant, que terá seu primeiro mandato completo, não disputa 2022. O Novo fez uma proeza ao conquistar Joinville com Adriano Silva, mas parte do zero na construção de um nome para o governo estadual dentro de seus rígidos critérios internos. Será um Adriano ou um Orlando?
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Derrotado nas duas cidades no segundo turno, o PSD perdeu prefeitos e vereadores, mas manteve-se relevante nas maiores cidades. Tem força, mas não construiu, até agora, um nome que tenha mais densidade que o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) – que mostra apetite para voltar à disputa pelo comando do Estado, mas está fora dos planos dos pessedistas que hoje controlam a sigla.
Em todos os partidos, o nome mais pronto para concorrer ao governo continua sendo o do senador Jorginho Mello – com o bloco na rua desde que se elegeu em 2018 derrotando Colombo e a Onda 17, representada por Lucas Esmeraldino. Mas nas eleições deste ano, ele viu o PL crescer aquém do previsto e a aposta em abrigar candidaturas bolsonaristas render poucos dividendos eleitorais. Como todos, terá que sentar à mesa com os outros partidos em pé de igualdade.
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