Eleição na terra, tempo de guerra

Raimundo Colombo está na Europa, Eduardo Pinho Moreira tem em mãos a caneta de governador e o ímpeto de pré-candidato, Gelson Merisio e Esperidião Amin carregam as tintas no discurso antipeemedebista. Eleitor catarinense, acostume-se: eleição na terra, tempo de guerra.

O governador licenciado Raimundo Colombo (PSD) era um dos poucos nomes que conseguiam colocar algodão entre os cristais da aliança entre PSD e PMDB, especialmente a partir de 2014, quando deputado estadual Gelson Merisio (PSD) começou a botar em prática os planos de reaproximação com o PP e confronto com o principal aliado.

A momentânea ausência de Colombo no cenário atiça as diferenças. Governador em exercício, Pinho Moreira comanda o Estado como se já fosse o titular – autorizado pelo dono da caneta. Ao desativar 15 das antigas secretarias regionais, atacou o discurso de Merisio – que há tempos defende a extinção total das estruturas. Num gesto ainda mais incisivo desse confronto, desfez a nomeação do advogado Alex Santore para a vaga de desembargador – judicializada desde o ano passado. Merisio apadrinhava a indicação.

O pré-candidato pessedista vive um dos momentos mais turbulentos de sua jornada rumo à candidatura a governador. A prisão do deputado federal João Rodrigues (PSD), ex-aliado e adversário interno na disputa pela vaga, acabou abalando Merisio dentro do partido. Os militantes de Rodrigues lançam diariamente notas de apoio ao parlamentar, enquanto questionam o silêncio do presidente estadual do PSD. Curiosamente, não cobram eloquência de Colombo.

Nesse cenário, é curiosa a troca de elogios e simpatias públicas entre Merisio e o deputado federal e ex-governador Esperidião Amin (PP). Quinta-feira, na Assembleia, conversaram animadamente no plenário. O pepista já foi considerado um entrave à construção da aliança entre os partidos para endossar Merisio, agora surge como opção. É como se Merisio, neste momento de turbulência, se escorasse em Amin para enfrentar a tempestade. Em agosto, definem o futuro de ambos. Até lá, o apaziguador Colombo estará de volta para ajudar a curar os feridos e enterrar os mortos.