Dizem os levantamentos feitos até agora que cerca de um terço do eleitorado catarinense tem a intenção de votar no deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para a Presidência da República. Essa massa de possíveis eleitores está deslocada da vinculação entre os cenários políticos nacional e estadual – que resultou em ampla vantagem para presidenciáveis tucanos em Santa Catarina em quatro das últimas cinco disputas.

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Até agora, esse contingente está órfão na corrida pelo governo do Estado e pelas vagas ao Senado. As principais palanques estaduais que se desenham estão moldados pela tradicional política catarinense, liderados por nomes do MDB (Mauro Mariani), PSD (Gelson Merisio), PP (Esperidião Amin), PSDB (Paulo Bauer) e PT (Décio Lima). Nenhum deles deve receber Bolsonaro no palanque – pelo menos no primeiro turno.

Aparentemente, o presidenciável do PSL pouco se importa. Aposta que o maior palanque será o das redes sociais – responsáveis por transformar um boquirroto parlamentar do baixo clero em um sério aspirante à Presidência. No Estado, cedeu a sigla PSL e o brevê de “candidato do Bolsonaro” ao vereador tubaronense Lucas Esmeraldino – que corre o Estado para estruturar o pequeno partido e dar visibilidade a sua pré-candidatura do Senado. Vai usar essa vinculação como mola propulsora para tentar surpreender em uma disputa que pode ter três ex-governadores (Amin, Raimundo Colombo, Paulo Afonso Vieira), além de velhos e novos caciques das siglas tradicionais.

Não deve surfar sozinho essa onda. O apresentador de televisão Roberto Salum filiou-se ao PMN em abril com a mesma pretensão. Os meses que ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa como suplente de deputado dão uma amostra do que será sua campanha – ênfase no discurso da segurança pública, crítica aos supostos direitos oferecidos a bandidos, defesa da família tradicional e ataques à esquerda. A fórmula é a mesma de Bolsonaro, mas é genuína na fala de Salum – ele dizia as mesmas coisas em 2006, quando disputou a eleição para deputado federal pelo PSB e só não se elegeu porque a sigla não alcançou o quociente eleitoral.

Há nomes da política tradicional que também devem tentar essa aproximação com o discurso de Bolsonaro – e até mesmo com sua figura. Pré-candidato ao Senado, o deputado federal Valdir Colatto (MDB) chegou a ser convidado para o PSL e pretende apoiá-lo. De olho no mesmo cargo, o deputado federal Jorginho Mello torce pela confirmação da aliança nacional de seu PR com ex-capitão do Exército. Se continuar confirmando a liderança entre os catarinenses, Bolsonaro deve atrair mais gente – incluindo postulantes ao Centro Administrativo.

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