Dia desses, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) ressuscitou o antigo ditado de que a esquerda só se une na cadeia. O contexto era a possibilidade que uma aliança entre os principais partidos do campo ideológico em primeiro turno na eleição nacional. Aqui em Santa Catarina, o cenário não é muito diferente.

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Até o início do ano, o deputado federal Décio Lima dizia que sua missão como presidente estadual do PT e pré-candidato a governador era tirar a sigla do isolamento político em que se encontra desde a eleição de 2014, quando Claudio Vignatti foi candidato em chapa pura. Falava de necessidade de primeiro reagrupar o campo da esquerda, especialmente com antigos aliados como o PCdoB e o PDT, e depois tentar expandir conversas com PP e PSD – evitando apenas, por motivos óbvios, o PSDB e o PMDB.

O tempo passou e nenhuma dessas conversas prosperou. Os pedetistas já anunciaram apoio ao projeto de Gelson Merisio (PSD) e os comunistas caminham a mesma trilha – ambos em nome da chance de eleger deputados estaduais e federais em uma coligação de médios partidos. O PSOL tem o jornalista Leonel Camasão como pré- candidato. Esta semana, em entrevista ao jornalista Marcos Schettini, a deputada estadual Ana Paula Lima (PT) disse o contrário do que o marido falava há poucos meses:

— O PT terá candidato a governador, duas candidaturas ao Senado e uma chapa completa para deputado estadual e federal.

Se a aliança eleitoral torna-se inevitável, há ainda a possibilidade de alguma unidade temática. Hoje, em Joinville, lideranças dos principais partidos de esquerda no Estado têm um encontro para discutir a formação de um bloco não-eleitoral – a Frente Ampla pela Democracia, Soberania Nacional e Direitos do Povo Brasileiro. Estarão lá Décio Lima, Leonel Camasão, a ex-deputada Angela Albino (PCdoB), o ex-vice-prefeito joinvilense Rodrigo Bornholdt (PDT), o ex-ministro Manoel Dias (PDT), o ex-prefeito brusquense Paulo Eccel (PT) e o PCB ficou de mandar representante. O elo, obviamente, é a prisão do ex-presidente Lula.

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Talvez a esquerda não se una na cadeia, mas ao redor do quarto-cela do petista em Curitiba.

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