(Foto: Felipe Carneiro, DC)
Desde março, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD) vem rodando o Estado com uma série de entrevistas a jornalistas locais em que afina o discurso a apresenta as propostas de sua pré-candidatura a governador do Estado. Na última quinta-feira, foi a vez da Grande Florianópolis receber as chamadas “sabatinas regionais” – uma conversa de cerca de duas horas com profissionais de imprensa transmitida ao vivo pelas redes sociais do parlamentar.
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Em cada uma dos encontros – serão 21 até o fim de maio –, Merisio não apresenta muitas novidades ao discurso que vem construindo para seu projeto. Estão lá o fim do ciclo da aliança com o PMDB, a promessa de enxugar a máquina do Estado e de uso intensivo da tecnologia para reduzir a burocracia, a prioridade máxima à segurança e à saúde, a fala direta e o bordão “vamos ser práticos” que antecede boa parte das respostas. Os interesses regionais pontuam as pequenas diferenças entre uma e outra sabatina. Essa perenidade é intencional, é o que dá consistência ao discurso do pré-candidato.
Cabeça de político: entrevista com Gelson Merisio
As falas de Merisio trazem uma promessa de impacto e alto custo político para implantação. Garante que se eleito fará, ainda em janeiro de 2019, uma redução drástica no número de comissionados – seriam apenas 200 postos. Metade deles para “nomes de capacidade técnica buscados junto ao mercado”, os demais para a composição político-partidária.
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Quando Raimundo Colombo (PSD) deixou o governo, em fevereiro, eram 1.223 comissionados nomeados. Na folha de março, já com os primeiros cortes do governo de Eduardo Pinho Moreira (PMDB), constavam 1.058. O número deve ficar próximo de 850 após a nova tesourada anunciada pelo peemedebista. No entanto, nenhuma dessas vagas está sendo extinta e devem ser objeto da cobiça partidária quando a arrecadação melhorar ou após as eleições.
As nomeações de cargos comissionados estão no DNA da composição política no atual modelo. Merisio garante que disse aos 10 partidos com quem fechou – PP, PSB e PDT à frente – que a chamada geografia das urnas não será aplicada se for eleito. As vantagens que lhe garantiram esse verdadeiro arrastão de pequenas e médias siglas seriam a viabilidade de eleger deputados estaduais e federais – algo imperativo para essas legendas na última eleição em que será permitida a coligação na eleição parlamentar.
A mudança na lógica das composições políticas estará no centro do debate eleitoral neste ano – especialmente pelo desgaste de partidos, lideranças e discursos junto à sociedade. Em suas sabatinas, Merisio mostra que entendeu esse recado e apresenta o diagnóstico. Pode enfrentar dois problemas. O eleitorado entender que é só mais uma promessa irrealizável de político, é um deles. Outro, a classe política, especialmente no PSD, não estar disposta a pagar um preço tão alto. Um pode lhe custar a eleição; o outro, a candidatura.