A última semana antes do segundo turno das eleições para governador de Santa Catarina começa a baliza dada pela pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira. Nela, Gelson Merisio (PSD) aparece 16 pontos percentuais atrás de Comandante Moisés (PSL) – uma diferença que representa impressionantes 680 mil votos. Virar metade deles é a tarefa do pessedista em uma semana. Difícil tarefa.

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Florianópolis viveu uma situação semelhante há apenas dois anos e que talvez possa servir de exemplo – ou de motivação – para a turma de Merisio. A uma semana do segundo turno da disputa pela prefeitura, Gean Loureiro (MDB) apresentava no Ibope uma vantagem confortável de 19 pontos percentuais sobre Angela Amin (PP) – 49% a 30% na pesquisa de 21 de outubro de 2016.

A pesquisa, no entanto, mostrava uma redução de oito pontos em relação ao levantamento anterior e ajudou a construir a percepção de que uma eleição impossível se tornara apenas improvável. Abertas as urnas, dia 30 de outubro, Florianópolis viveu uma de suas mais emocionantes eleições. Angela conseguiu reduzir a vantagem de Gean a quase nada, liderou a maior parte da apuração e perdeu por inacreditáveis 1.153 votos – 50,25% a 49,74% para o emedebista.

A pesquisa Ibope da última sexta-feira criou na campanha de Merisio uma sensação semelhante àquela primeira reação apontada pelo instituto em relação a Angela em 2016. A surpreendente votação de Moisés no primeiro turno, colocado à Onda Bolsonaro, e as primeiras pesquisas internas que chegavam a apontar o candidato do PSL com mais de 70% das intenções de voto haviam criado uma clima de eleição impossível para Merisio. A antipolítica ganhara um candidato leve que deixava a Merisio a incômoda posição de ser o herdeiro de toda a política partidária, de todos as mazelas dos governos que administraram Santa Catarina. Os 16 pontos diferença apresentados pela última pesquisa – oito, considerado que um voto virado vale em dobro – foram muito comemorados no PSD.

Há uma sensação de que começa a dar algum resultado a tese de que falta experiência e equipe a Moisés para comandar a complexa máquina do governo catarinense. É nesse ponto que a campanha de Merisio tem batido com maior intensidade desde a última semana – deixando um pouco de lado a boba disputa pela vinculação a Jair Bolsonaro e a aposentadoria de Moisés como coronel do Corpo de Bombeiros aos 48 anos.

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Nos debates, Merisio insta o adversário a detalhar suas propostas para o Estado, maior dificuldade do candidato do PSL até o momento – embora venha melhorando o desempenho a cada embate. O debate da NSC TV na quinta-feira deve ser o grande momento definidor da campanha – foi nele que Moisés foi realmente apresentado ao catarinense. O novo encontro, mano a mano, deve servir para firmar a convicção do eleitor entre o outsider e o político, entre renovação e experiência. Mas, para isso, Merisio precisa – como Angela em 2016 – manter viva a ideia de que a eleição ainda não está perdida.