Semana passada disse aqui que o divórcio entre Paulo Bornhausen e o PSB nacional foi feito em tom amigável, mas que ainda era preciso ver como ficaria a divisão dos bens – no caso os mandatos dos deputados eleitos pela sigla no Estado. Essa discussão começou a ser feita para valer nesta segunda-feira, com a reunião da executiva estadual do partido.

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Atual presidente estadual do PSB, Ronaldo Freire, apresentou o ex-prefeito de Palmas (TO), Carlos Amashta, e o ex-suplente de senador Adir Gentil – que vai assumir o comando da sigla no Estado por indicação do diretório nacional. O encontro mostrou que a travessia das lideranças pessedistas para o futuro partido de Bornhausen não será tranquila.

Os deputados estaduais eleitos pela sigla estão cautelosos. Laércio Schuster já avisou Freire que permanece no PSB, no que foi acompanhado por Nazareno Martins. Inicialmente mais propenso a acompanhar Bornhausen, Bruno Souza também acionou o modo cauteloso – de olho no cenário pré-eleitoral da Capital, mas também para diminuir a fervura da relação com o PSB nacional, onde pode enfrentar processo de expulsão por ironizar o socialismo em brincadeira de primeiro de abril. O deputado federal Rodrigo Coelho também emite sinais de que vai aguardar o cenário clarear – ou uma janela de transferência partidária.

No fundo, os deputados temem a perda dos mandatos por infidelidade partidária. Mas não é só isso. Há receio sobre recomeçar um projeto partidário do zero, em uma sigla sem expressão no Estado. Prefeitos e vereadores também indicam que podem optar pelo PR do senador Jorginho Mello ou participar da reconstrução do DEM.

Paulo Bornhausen participou de dois movimentos partidários muito ousados nos últimos oito anos. O ex-deputado federal foi uma figura de proa na diáspora do DEM catarinense rumo ao PSD em 2011, sob a liderança do recém-eleito governador Raimundo Colombo. Dois anos depois, inspirado por Eduardo Campos, assumiu o PSB e fez dele um partido de verdade no Estado. O terceira ousadia talvez seja mais difícil que as anteriores.

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Referência

Raras vezes o que é dito na campanha eleitoral vira realidade. No Fantástico do último domingo, SC foi apresentado como referência na prevenção a desastres. Em 2010, o candidato Raimundo Colombo prometeu criar uma secretaria para a área e priorizar a questão.

Justiça

Está na moda criticar Colombo por seus erros, omissões e contradições. Mas é justo apontar seus acertos. A Secretaria da Defesa Civil tornou-se referência. Tanto que a reforma administrativa de Carlos Moisés apenas lhe retira o status de secretaria, mantendo a estrutura.

Fake news

Circula em Palhoça a exótica tese de que Camilo Martins (PSD) poderia concorrer a um terceiro mandato como prefeito. Ela tem como base a ideia de que o primeiro mandato teria sido tampão. Martins teve menos votos do que Ivon de Souza naquela eleição, mas acabou beneficiado com a cassação do registro do adversário, e assumiu em junho de 2013, depois de seis meses com o vereador Nirdo Pitanta no posto.

Relação errada

A exótica tese vai além. Usa como parâmetro a reeleição de Rodrigo Maia (DEM) como presidente da Câmara dos Deputados em 2015, após ter completado o mandato-tampão para o qual foi eleito substituindo Eduardo Cunha. Assim, na lógica que circula em Palhoça, Martins poderia ter mais uma eleição. Não pode.

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