O que há de novo, de velho e de permanente na política? Essa era a questão que não me saía da cabeça no fim da tarde de sábado, enquanto mediava uma eclética mesa de eleitos e não-eleitos em um seminário sobre política em Capivari de Baixo, Sul do Estado.
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Ao meu redor estavam Lucas Esmeraldino (presidente estadual do PSL e terceiro colocado na eleição para o Senado), Volnei Weber (deputado estadual eleito pelo MDB e ex-prefeito de São Ludgero), Paulo Bornhausen (presidente estadual do PSB e ex-deputado federal), Daniel Freitas (deputado federal eleito pelo PSL), Júlio Garcia (deputado estadual eleito pelo PSD e ex-presidente da Alesc), Caroline de Toni (deputada federal eleita pelo PSL) e Coronel Armando (deputado federal eleito pelo PSL).
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Em maior ou menor grau, esses sete personagens ajudam a decifrar por dentro a onda conservadora que marcou as eleições em Santa Catarina. Esmeraldino falou sobre a formação da chapa do PSL e deu o recado para quem está interessado em entrar no partido depois do sucesso eleitoral: "Não vamos aceitar qualquer um". Bornhausen reforçou sua trajetória antipetista no auge da popularidade do ex-presidente Lula e lembrou que foi parar no PSB guiado também por um projeto de mudanças: "Mas meu candidato morreu", disse, em referência a Eduardo Campos.
Menos conhecidos, Weber e Armando esbanjaram autenticidade. O primeiro admitiu a dificuldade de pedir votos como candidato do MDB, mas frisou que ofereceu sua história pessoal ao eleitor. Armando, coronel do Exército e colega do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na formação militar, revelou que só se candidatou quando soube que o amigo e vereador Fábio Dalonso, também militar, disse que não teria espaço pelo PSD de Joinville.
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Com estilo mais político que os colegas de PSL, Daniel Freitas fez um discurso pelas reformas, mesmo que impopulares, como condição para o país crescer. Representante da ala ideológica pesselista e aluna de Olavo de Carvalho, Caroline de Toni mostrou que fará barulho em Brasília e prometeu “não dar moleza para aquelas deputadas do PT”.
Mais experiente da turma e de volta à Alesc depois de uma década fora da vida partidária, Julio Garcia mais ouviu do que falou, mediu as palavras e encerrou sua parte com uma daquelas frases aparentemente banais, mas que permitem diversas interpretações.
– A partir de fevereiro do ano que vem, o meu partido será Santa Catarina.
É bom prestar atenção nestes sete nomes, boa parte deles veículos do desejo de mudança do eleitor catarinense. Outra coisa a se prestar atenção foi dita pouco antes, em um painel que reuniu dois integrantes dos bastidores da campanha do PSL que elegeu, entre outros, Carlos Moisés da Silva governador. Laércio Menegaz, organizador do seminário, e Douglas Borba revelaram como aliaram o pouco tempo de televisão à divulgação nas redes sociais: 270 grupos de Whatsapp, centralizados no comitê, levavam slogans da candidatura como “não existe meia mudança” para cerca de 100 mil pessoas – que multiplicavam as mensagens em suas redes próprias.
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