A onda conservadora e antipolítica que mudou os parâmetros da política partidária brasileira e catarinense ano passado afetou especialmente dois grandes partidos que hoje lutam para se reencontrar. Falo do MDB e do PSDB – o PT, também derrotado, não entra nesta lista porque mantém certa hegemonia em seu campo político e tem o discurso de oposição federal como corrimão.

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Na polarização entre o bolsonarismo e o petismo, falta um lugar claro para o velho MDB e o murista PSDB. É por isso que ambos os partidos vivem internamente a disputa entre a tradição e a renovação. Isso afeta também os diretórios catarinenses. Ontem foi um dia de definições para emedebistas e tucanos locais.

O PSDB acertou o consenso para que o ex-deputado federal Marco Tebaldi assuma a presidência do partido. Consenso é uma palavra bonita que esconde as feridas de um processo em que a principal liderança de renovação tucana acabou deixando a sigla – o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes – e que impediu a ascensão de outras opções que saíram mais fortes da urna, como a deputada federal Geovânia de Sá. Os tucanos catarinense mais uma vez optaram pelo apego aos espaços internos. Resta saber se essa disputa entre tradição e renovação terá um novo round quando a turma do governador paulista João Dória assumir o partido.

Também reunidos ontem, os emedebistas catarinenses definiram a data da convenção estadual para o dia 1o de julho – quando será feita a sucessão do atual presidente Mauro Mariani, terceiro colocado na disputa pelo governo ano passado. Mais uma vez, o senador Dário Berger anunciou sua posição de candidatar-se ao cargo, embora setores do partido não estavam convencidos da disposição.

No encontro da executiva estadual, ouviu-se mais uma vez as falas dos velhos caciques – agora conclamando os emedebistas a confrontar diretamente a atual cúpula nacional do partido. Sentiu-se a falta de prefeitos de cidades importantes, como Gean Loureiro, da Florianópolis. Ao contrário dos tucanos, os emedebistas não tem uma liderança nacional como Dória para aglutinar um esboço de projeto de reconstrução partidária. A luta contra a direção nacional é um slogan, uma convocação. Ninguém sabe até onde dá para ir só com essa bandeira. E quantas lideranças vão seguir com ela.

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