Praticamente último capítulo deste primeiro turno morno e eclipsado pela disputa nacional, o debate realizado na noite desta terça-feira pela NSC TV entre os candidatos a governador surpreendeu por elevar a temperatura. Naturalmente engessados por regras rígidas e cautela de marqueteiros, os debates até agora não haviam apresentado maiores confrontos. Desta vez foi diferente.

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Último debate marca reta final da campanha em SC

Protagonistas da disputa pela força dos partidos que aglutinaram em suas alianças, Gelson Merisio (PSD) e Mauro Mariani (MDB) tiveram diversos momentos de confronto direto – sempre estimulado pelo pessedista. Logo na primeira pergunta, Merisio reafirmou a recente decisão de abrir voto no presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e questinou o emedebista sobre que posição teria em um provável segundo turno com a presença do capitão reformado do Exército. Mariani evitou a armadilha, disse que segundo turno se discute no segundo turno, mas ressaltou que sua aliança é formada por partidos de centro-direita e que a de Merisio contém legendas de esquerda. É certo que se ambos passarem para o segundo turno, a luta pelo eleitor bolsonarista deve ser uma das principais tônicas dos debates.

Por enquanto, Bolsonaro tem dono. Em quase todas suas falas, Comandante Moisés (PSL) fez questão de deixar isso claro, apresentando-se como candidato oficial do presidenciável. Na prática, Moisés era quem mais tinha a ganhar no debate da NSC TV, porque as pesquisas divulgadas ainda não registraram o engajamento de parte relevante do eleitor de Bolsonaro a sua candidatura. O espaço televisivo em horário nobre provavelmente foi sua última e melhor chance de consolidar essa vinculação.

Entre os candidatos de esquerda, Décio Lima (PT) recorreu a mais de uma tabela com Leonel Camasão (PSOL), amplificando a voz de ambos. Mas ficou flagrante a diferença de estilos. O petista baixou o tom geralmente adotado pelo partido, apresentando-se como renovação diante dos governos PSD/MDB, mas com experiência administrativa. Mais assertivo, Camasão abusou da contundência nas críticas ao atual bloco governista e entrou em temas espinhosos como os repasses aos poderes e aposentadoria dos ex-governadores.

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O candidato do PSOL também aproveitava o seu momento de maior visibilidade para atrair eleitores de esquerda em busca de um discurso mais vermelho do que o vinho-alaranjado que Décio vem apresentando. Camasão chamou para a briga os protagonistas Mariani e Merisio. Foi ele quem questionou o pessedista, logo na primeira pergunta do debate, sobre o questionamento à sua evolução patrimonial – que Merisio rebateu dizendo que não sofre investigação e que a origem da denúncia é emedebista. Camasão também jogou no colo de Mariani a presença no MDB no governo do Estado desde 2003, levando o adversário a dizer que era contrário à aliança atual.

Esse tema também fez subir a temperatura em novo embate do pessedista e do emedebista em que ambos questionaram quem se beneficiou mais com a presença no condomínio governista. Também entrou no debate o graduação da independência de Mariani em relação ao governo do presidente Michel Temer (MDB). Temas que devem pautar o segundo turno, se ambos estiverem lá.

Deslocado no debate, Jessé Pereira emulou em alguns momentos o presidenciável Cabo Daciolo, colega de Patriota – sem potencial para virar meme de internet. Pereira disparou críticas genéricas à gestão da máquina pública, prometeu chamar militares para secretarias e garantiu ser o candidato escolhido por Deus para governar o Estado.