O senador Dário Berger vinha relutando nos últimos meses aos chamados para assumir o comando do MDB estadual. Preservado da disputa eleitoral no ano em que a antipolítica deu o tom, dono do principal mandato do partido no Estado e nome natural para disputar o governo em 2022, o emedebista olhava o cenário com cautela e fugia das pressões. Ao assumir a condição de candidato a presidente do MDB-SC, esta semana, Dário mudou o tom.

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– Eu não podia deixar de assumir o desafio, principalmente sendo uma das lideranças que sobreviveu. Quero ajudar os companheiros do partido que já me ajudaram tanto.

Mais do que a reaglutinação dos emedebistas catarinenses, o senador mira a cúpula nacional do partido. Afinado com o MDB gaúcho, Dário quer participar de uma frente de oposição ao grupo que comanda a sigla nacionalmente – que hoje tem o ex-senador Romero Jucá como presidente.

— Estou tentando convencer a Simone Tebet (do Mato Grosso do Sul) a ser candidata a presidência nacional. Se der certo, nós limpamos a área de Brasília. Sem isso, as coisas vão continuar muito difíceis – diz o senador.

Se a colega de Senado não aceitar a empreitada, o plano B é o deputado federal gaúcho Alceu Moreira. O levante tem como base 18% dos votos na convenção do MDB, percentual somado das delegações gaúcha e catarinense. O peso do MDB-SC impressiona: 10% dos delegados.

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Não que a presidência estadual sejam favas contadas para Dário. Na tarde desta sexta-feira (05), o deputado federal Celso Maldaner anunciou que mantém a disposição de disputar o comando do partido. Promete reestruturação, transparência e preparação para as eleições municipais. O senador convidou o deputado para uma conversa na quarta-feira, mas a agenda não bateu. Ainda vão conversar.

Dário quer oferecer a Maldaner uma das vice-presidências – a outra caberia a um membro da bancada estadual. Ele acredita que assumindo a sigla e chamando as lideranças catarinenses para uma construção de oposição ao MDB nacional, é possível impedir – ou pelo menos adiar – migração para outros partidos. Cita o exemplo do prefeito florianopolitano Gean Loureiro, que observa o cenários e avalia deixar a sigla.

— Gean é meu amigo, meu discipulo. Como vai deixar o partido eu assumindo a presidência?