Maior partido do Estado em qualquer quesito, o MDB vive um momento de encruzilhada e ebulição desde os insucessos eleitorais de outubro. O partido busca uma direção que o livre do estigma de sigla governista e adesista, quase um símbolo da política em meio à onda da antipolítica. É nesse contexto que os emedebistas lutam internamente por espaço e reorganização para tentar manter suas posições nas eleições municipais daqui dois anos.
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É que se inserem as fortes falas do senador Dário Berger (MDB) em entrevistas nos últimos dias. Tem um quê de ultimato nas falas do emedebista, que podem ser lidas tanto como uma sinal de fuga quanto de disposição para comandar o barco. Reproduzo um trecho:
– Existem vários MDBs. Precisamos saber que tipo de MDB, tanto na bancada federal quanto estadual, queremos para o futuro. Se é aquele MDB histórico, independente, de Ulysses Guimarães, da luta pela democracia, pelas causas sociais, que não se entrega, que não se vende, aguerrido como a história conta, eu estou disposto aos desafios que se impõem ao partido. Ou o MDB se reinventa e se adequa aos anseios da população, ou está fadado a desaparecer do cenário nacional e catarinense.
As eleições para composição do diretório estadual do partido serão realizadas em maio. O atual presidente Mauro Mariani, depois de um inédito terceiro lugar nas eleições para governador antecipa que não será candidato. O sinal é que deixa de deixa a linha de frente da política, mas ainda essa condição pode ser passageira. Também sem mandato, o ex-governador Eduardo Pinho Moreira colocou-se para a sucessão no final do ano passado e tem apoio entusiasmado em setores do partido – e resistência em outros, que pregam renovação.
Entre esses, o nome de Dário surge como farol. Na metade do mandato no Senado, o emedebista escapou da onda de renovação política das última eleições. Tem o principal mandato do partido no Estado e a condição de candidato natural a governador em 2022. Se ano passado o partido perdeu-se em inúmeras pré-candidaturas, hoje Dário é ficha única.
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Talvez por isso também tenha emendado postura crítica à participação do partido na gestão de Carlos Moisés da Silva (PSL), como disse em entrevista ao colega Renato Igor na CBN/Diário. Defendeu que os integrantes da gestão que são filiados – no primeiro escalão Paulo Eli (Fazenda) e Leandro Lima (Administração Prisional) – peçam licença. Quer evitar o estigma de adesista, mas também fica em uma posição mais confortável para criticar a gestão do comandante pesselista.
Na última sexta-feira, quando estive em Brasília, conversei com o senador logo após tumultuada noite da eleição da mesa diretora. O emedebista mostrou-se curioso com os primeiros passos da nova gestão no Estado e preocupado com os rumos do MDB nacional. Ao final, brincou que após quatro anos discretos no Senado, pretende mudar a postura.
– Vou falar bastante – disse e estamos começando a comprovar.