Marcos Vieira (PSDB), 65 anos, está em seu quarto mandato como deputado estadual e é reconhecido por aliados e adversários pela extremo conhecimento da legislação e regimento interno do parlamento. Bruno Souza (PSB), 34 anos, é um dos deputados que estreiam este ano na Assembleia Legislativa, mas vinha ganhando holofotes em Florianópolis como vereador defensor das causas liberais. É essa dupla, tão diferente, que vai comandar a CPI da Ponte Hercílio Luz.

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Há nessa divisão algo que deve marcar esta legislatura  em que apenas 18 dos 40 parlamentares foram reeleitos: uma disputa constante entre as gerações. Isso ficou claro nos bastidores da escolha da presidência e da relatoria da CPI. De praxe, o relator escolhido é o que propôs a instalação da investigação – no caso, Bruno Souza.

O pessebista defendia que o também novato Jessé Lopes (PSL) ficasse com a presidência da CPI, alegando a parceria na coleta de assinaturas e a disposição de romper com velhas práticas. Sem papas na língua, Jessé chegou a dizer que Marcos Vieira seria um pizzaiolo no comando da investigação. Esse tipo de fala potencializa a disputa geracional – que deve diminuir ao longo da legislatura.

Ao seu estilo, o tucano chegou para a reunião da CPI com a vitória garantida. Acertara-se com os novatos eleitos pelo tradicionalismo MDB – conseguindo os votos de Fernando Krelling e Jerry Comper (representado por Volnei Weber), somando ainda o PP de João Amin e o PSD de Kennedy Nunes (representado por Marlene Fengler). O novato Jessé contou apenas com o colega de partido Sargento Lima (PSL) e com Bruno Souza.

Vitorioso, o tucano disse que se houver pizza na CPI, não será por culpa do presidente – a quem cabe conduzir os trabalho, mas não a produção de provas.

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– Cabe ao relator conduzir a investigação, produzir as provas e convencer os demais deputados de que elas serão robustas. O relator terá todo o apoio.

Como ninguém se inscreveu para a vice-presidência, João Amin indicou-se na última hora.

Sem alvos

Uma das expressões mais usadas pelos deputados que votaram em Marcos Vieira foi “não fulanizar”. Eles defenderam que a CPI foque em obras e contratos, não em pessoas. A próxima reunião da comissão será dia 12 de março, às 9 horas. Nela, Bruno Souza deve apresentar o cronograma de trabalho da investigação.

Direto na fonte

Bruno Souza chegou a ressaltar que Marcos Vieira não havia sequer assinado o pedido para instalação da Ponte Hercílio Luz. Não há nada no regimento que impeça a contradição, mas perguntei ao tucano mesmo assim:

– Por que o senhor quer ser presidente de uma CPI que não quis assinar para que acontecesse?

– Não me pediram a assinatura. Um assessor procurou um assessor meu. Eu não assino nada sem ser convencido.

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