Alvo de dois pedidos de impeachment que tramitam na Assembleia Legislativa, a situação política do governador Carlos Moisés (PSL) é mais do que delicada. Se fosse hoje a votação da autorização para abertura do processo contra ele, a vice-governadora Daniela Reinehr (sem partido) e o secretário Jorge Tasca pelo supostamente irregular pagamento de uma gratificação aos procuradores do Estado, o trio não poderia contar com mais do que seis votos entre os 40 votos deputados estaduais.
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A abertura do processo de impeachment, com posterior encaminhamento para um tribunal misto composto por cinco deputados estaduais eleitos pelo plenário e cinco desembargadores sorteados entre os 92 da corte, depende de 27 votos favoráveis em plenário. Para escapar, Moisés precisa que 14 parlamentares votem contra ou se abstenham. Uma equação que até agora está difícil de ser alcançada pelo Centro Administrativo.
Um levantamento informal junto às bancadas e deputados isolado indica que neste momento 26 votos são dados como certos a favor da abertura do pedido de impeachment baseado no caso do pagamento da verba de equivalência para equiparar os salários dos procuradores do Estado com os da Assembleia – uma gratificação de cerca de R$ 5 mil.
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A maior parte dos votos pelo impeachment vêm das três maiores bancadas da Alesc. O MDB, com nove integrantes, e o PSD, com cinco, estão fechados. No PSL, partido do governador Moisés, os quatro deputados dissidentes – os bolsonaristas Jessé Lopes, Ana Campagnolo, Sargento Lima e Felipe Estevão – também deverão votar pela abertura do processo, enquanto Coronel Mocellin e Ricardo Alba ainda se mantêm nas hostes governistas.
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Mais seis votos pelo impeachment viriam do PL (quatro) e do PSB (dois). Embora o senador Jorginho Mello (PL) venha sendo procurado por Moisés e interlocutores, a bancada alinhou que votará junta e seguindo a oposição – postura adotada pelo líder Ivan Naatz e por Maurício Eskudlark, ex-líder do governo. Completam a lista Marcos Vieira (PSDB) e o Sérgio Motta (Republicanos).
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Ao lado de Moisés, além dos dois pesselistas, ainda está o PDT da líder do governo Paulinha e de Rodrigo Minotto, o tucano Vicente Caropreso e Zé Milton (Progressista). Mantida a atual configuração, Moisés precisaria conquistar os oito nomes considerados indecisos no parlamento. Entre eles, estão os quatro deputados da bancada do PT, que faz reuniões internas para definição em bloco de sua posição e que hoje tende a ser contra o impeachment.
Ainda assim, Moisés precisaria conquistar João Amin – presidente da comissão especial do impeachment – e Altair Silva, ambos do Progressista, Jair Miotto (PSC) e Bruno Souza (Novo). Neste quarteto, a inclinação maior é pela aprovação da abertura do processo. Se não houver nenhuma medida judicial no meio do caminho, a votação do afastamento será realizada no dia 22 de setembro.
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Essa é a contagem regressiva para Moisés mudar um cenário que hoje parece consolidado para aprovação do pedido de impeachment e constituição do tribunal misto que vai decidir o futuro do governador eleito por 71% dos eleitores catarinenses em 2018. Embora haja articulação paralela para tentar salvar Daniela Reinehr caso haja votação separa de Moisés, não há alteração substancial no cenário de votos neste momento.
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