Desde que se elegeu senador em 2018, Jorginho Mello (PL) é considerado um nome certo na disputa pelo governo do Estado em 2022. Vem construindo essa condição e viu seu PL crescer nas eleições municipais, embora suas apostas tenham falhado nos maiores municípios. Agora, é interessante notar os movimentos para consolidar a raia em que pretende disputar o cargo de governador: uma soma de bolsonarismo e da oposição à composição do governo de Carlos Moisés (PSL) com a maioria do parlamento estadual.

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Esses movimentos começam a ser perceptíveis na Assembleia Legislativa. Lá, o senador tem influência sobre as bancadas do PL e sobre os dissidentes do PSL. São os fiéis de Jair Bolsonaro (sem partido) os principais aliados de Jorginho para 2022, quando ele deseja ser o candidato oficial do presidente. Não é apenas o leite condensado do Planalto e a simpatia pela militância bolsonarista que adoçam essa aliança. O senador sabe que onde o deputado estadual afastado Júlio Garcia (PSD) estiver articulando – na ribalta ou no bastidor – não tem lugar para ele. Com a aproximação do pessedista com o governador Carlos Moisés (PSL) após a batalha do impeachment, os nomes do PL mais fiéis a Jorginho e o núcleo bolsonarista agem com maior consonância. 

Na linha de frente, Ivan Naatz mantém o tom oposicionista que muitos deputados deixaram para trás este ano – seja na lembrança recorrente do caso dos respiradores fantasmas, tema da placa que levou ao plenário para exibir durante o discurso de Moisés na mensagem anual ao parlamento, seja em críticas pontuais a propostas do governo como a ideia de assumir lotes da obra federal de duplicação da BR-470.

Mas esse movimento nas bancadas do PL e do PSL em direção à pavimentação da candidatura de Jorginho foi perceptível na votação que revogou a prisão preventiva de Júlio Garcia, no plenário da Alesc. Os deputados do PSL mais próximos do senador votaram contra (Jessé Lopes e Sargento Lima) ou se abstiveram (Ana Campagnolo). Antes da votação, a líder do PSL Ana Campagnolo explicou que a bancada estava liberada para votar sem orientação porque não havia consenso. De qualquer forma, Júlio já sabe que não pode contar com os bolsonaristas, como Moisés já sabia. Não deixa de ser um recado.

Mas os movimentos também causam fissuras internas. Na votação sobre Júlio Garcia, o PL de Jorginho também rachou, indicando a taxa de fidelidade interna ao projeto de 2022. Os deputados mais próximos do senador, Marcius Machado e Ivan Naatz, votaram contra. Os mais próximos do grupo que controla o parlamento, Maurício Eskudlark e Nilso Berlanda, a favor. Essa divisão interna já havia aparecido na disputa interna pela vaga de 1º vice-presidente da Alesc.

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Berlanda era o nome do acordo feito no parlamento, Marcius o preferido do partido. Se a disputa fosse para o plenário, Berlanda seria facilmente eleito, mas o racha seria exposto. A solução foi Maurício Eskudlark abrir mão do cargo em 2022, como havia sido previamente acertado, em nome de Marcius. Esse tipo de coisa deixa sequela, sempre deixa.

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