Jorginho Mello respirou aliviado na noite de terça-feira quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou por retumbantes sete votos a zero que a filiação de Beto Martins ao PSDB no início do ano estava regular. Senador eleito pelo PR em outubro com 1,17 milhão de votos, o deputado federal tinha a promoção em Brasília ameaçada pelo questionamento sobre a situação do segundo suplente da chapa, o tucano ex-prefeito de Imbituba.
Continua depois da publicidade
O julgamento foi um recurso especial em uma ação já analisada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC) e pelo próprio TSE, em questão levantada por Lucas Esmeraldino (PSL), terceiro colocado na corrida eleitoral pelas duas vagas ao Senado em disputa este ano. Jorginho e Esmeraldino protagonizaram alguns dos momentos mais eletrizantes da apuração dos votos no primeiro turno pela pequena diferença nas votações – 18 mil votos a mais para o candidato do PR.
O questionamento à filiação de Beto Martins manteve o clima de disputa por quase dois meses. Esmeraldino levantou a questão em uma tentativa de macular a eleição de toda a chapa. Embora nos bastidores se falasse que o candidato do PSL poderia assumir, a atual legislação eleitoral preveria nova eleição caso o resultado fosse contrário a Jorginho.
De certa forma, essa espera pela decisão judicial contribuiu para que o senador eleito adotasse um pouco usual recolhimento pós-eleitoral. No segundo turno para o governo do Estado, Jorginho Mello liberou os integrantes do PR em relação à escolha entre Carlos Moisés da Silva (PSL) e Gelson Merisio (PSD) e calou-se sobre essa disputa – apesar do favoritismo do primeiro, depois eleito, nas pesquisas realizadas durante o segundo turno.
Com a vitória confirmada no TSE, Jorginho voltou com força à cena. Em Brasília, já se movimenta para fazer parte da bancada de apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) no Senado. Ainda não é certo que o PR tenha participação no governo federal, mas há especulações sobre os cargos federais em Santa Catarina. Talvez sejam eles o termômetro para avaliar quem tem acesso maior a Bolsonaro e o novo núcleo de poder federal – os pesselistas locais de Moisés e Esmeraldino, Jorginho, o também senador eleito Esperidião Amin (PP), os emedebistas Rogério Peninha (reeleito deputado federal) e Valdir Colatto (não reeleito), etc. Por enquanto, tudo que temos são declarações ao vento e muita tentativa de emplacar notas em colunas.
Continua depois da publicidade
Certo é que Jorginho será diplomado senador em 18 de dezembro, junto com Amin, e toma posse em fevereiro. Líder do PR no Estado, ele foi um dos principais vitoriosos na eleição catarinense. Foi promovido da Câmara para o Senado, derrotando tanto a onda de novidade representada por Esmeraldino quanto a política estabelecida que tinha o ex-governador Raimundo Colombo (PSD) e o senador Paulo Bauer (PSDB) como principais rostos. Além disso, aumentou a bancada do partido de dois para três integrantes na Assembleia Legislativa. Jorginho já era um dos principais personagens da política estadual, agora ascende ao clube dos protagonistas.