Menos de 24 horas depois de Jair Bolsonaro (PSL) declarar neutralidade entre Comandante Moisés (PSL) e Gelson Merisio (PSD) no segundo turno da eleição catarinense, o candidato do PSL recuperou pelo menos a torcida do presidenciável. Uma verdadeira força-tarefa do partido foi a Bolsonaro pedir uma readequação da fala dada na véspera, em entrevista à rádio Jovem Pan.
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Em novo vídeo, o capitão reformado do Exército agradece o apoio de Merisio no primeiro turno, mas pontua que o candidato de seu partido chegou ao segundo turno. Diz que Moisés “é um fenômeno em Santa Catarina como estamos sendo no Brasil”, deseja boa sorte e diz que está torcendo para o coronel aposentado do Corpo de Bombeiros.
Nesta quarta-feira, neste espaço, disse que a declaração de Bolsonaro havia reequilibrado o jogo da sucessão estadual porque Moisés contaria com o engajamento total do presidenciável – dono de 65% dos votos em Santa Catarina no primeiro turno e indutor da onda que colocou o PSL no segundo turno e em dez cadeiras legislativas no próximo ano – quatro na Câmara dos Deputados e seis na Assembleia Legislativa. Agora, Moisés recupera a carta de ser o candidato de Bolsonaro.
A ex-neutralidade de Bolsonaro foi um ovo que começou a ser desfritado logo depois de anunciado. Em grupos de Whatsapp, grande motor das campanhas do PSL, apoiadores criticavam o gesto e pediam reparação. Enquanto Moisés contemporizava e jogava panos quentes sobre a questão, oficiais e praças da Polícia Militar exigiam que Bolsonaro apoiasse fortemente a candidatura local. As mensagens chegaram à campanha do presidenciável, que aceitou gravar um novo vídeo.
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A fala foi gravada minutos antes de uma apresentação ao vivo no Facebook com Luciano Hang, na página do empresário catarinense. Note-se que ao lado do presidenciável, no canto da tela, estava o empresário blumenauense Otto Vieira, da área de caça e pesca. Nos cerca de 40 minutos com Hang, ele não voltou ao tema catarinense. Depois, gravou outro vídeo agradecendo o apoio dos catarinenses, com Hang e os deputados federais emedebistas Celso Maldaner e Valdir Colatto.
Duas ironias: Maldaner era da ala fiel à ex-presidente Dilma Rousseff (PT); Colatto chegou a ser convidado por Bolsonaro para assumir o PSL de Santa Catarina e concorrer ao Senado, mas recusou e não se reelegeu.
Ainda na terça-feira, o coordenador da campanha do PSL estadual, Douglas Borba, garantia que Bolsonaro voltaria atrás. Nesta quarta, uma comitiva do partido com Moisés, os deputados federais eleitos Daniel Freitas, Caroline de Toni, Fábio Schiochet e Coronel Armando, além do coordenador, partiu para o Rio de Janeiro para encontrá-lo.
No encontro esperam acertar o tom do vínculo entre os colegas de farda Bolsonaro e Moisés, além de gravar novos vídeos de apoio com ambos juntos – os últimos foram feitos antes do atentado em Juiz de Fora (MG).
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Com esse material será possível saber o nível de engajamento de Bolsonaro em relação à campanha local e se a declaração de neutralidade não passou de uma fraquejada de política tradicional.
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