Dois catarinenses são citados no mesmo inquérito em que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, negou o pedido de prisão temporária da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e diversos caciques do MDB, entre eles o senador Renan Calheiros (MDB-AL). A Polícia Federal chegou a pedir – e também foi negado pelo ministro – a busca e a apreensão nos endereços do senador Dário Berger (MDB) e do ex-deputado federal Paulo Bornhausen (sem partido).

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A investigação tem como origem as delações de Ricardo Saud, ex-executivo da J&F, sobre as doações eleitorais – oficiais e em caixa 2 – do conglomerado comandado pelos irmão Joesley e Wesley Batista nas eleições de 2014. Os catarinenses são citados como beneficiários de R$ 500 mil cada um. Os valores fariam parte dos cerca de R$ 11 milhões da cota de Renan Calheiros no suposto acordo em que o PT teria utilizado dinheiro da J&F para comprar o apoio do MDB à reeleição de Dilma.

Curiosamente, Dário e Bornhausen eram adversários na eleição para o Senado em 2014 – protagonizando a mais dura das disputas daquela eleição em Santa Catarina. Dário venceu por 42,8% a 38,3%, uma diferença inferior a 200 mil votos. A disputa foi marcada pela troca de acusações entre eles.

A citação ao emedebista nesse caso não é novidade. Em 2017 foi tornada a pública a delação de Ricardo Saud em que ele dizia que Renan teria investido em Dário de olho na eleição para a presidência do Senado em 2015.

– Até foi um desgaste porque o falecido senador Luiz Henrique era o candidato do PMDB de Santa Catarina à presidência do Senado com o Renan. Houve um desgaste, e o Dário acabou votando no Renan por causa desse comprometimento – disse Saud.

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Dário sempre negou que tivesse recebido os recursos indevidos e que tivesse votado em Renan na eleição do Senado – o catarinense Luiz Henrique da Silveira (MDB) foi derrotado contra o alagoano. Em relação inquérito em andamento, há uma inconsistência em relação à delação relevada em 2017: na época, Saud disse que o repasse a Dário teria sido de R$ 1 milhão. Agora, segundo a PF, trata-se de R$ 500 mil – valor que bate com as doações oficiais da JBS para a campanha do emedebista em 2014, encaminhadas através do diretório nacional do MDB e do comitê do então vice-presidente e candidato à reeleição Michel Temer (MDB).

A novidade no inquérito em curso é a inclusão de Paulo Bornhausen com o valor de R$ 500 mil. Em conversa com a coluna, o ex-deputado disse que não vai se manifestar enquanto não tiver acesso ao inquérito. Confirmou que foi convidado a prestar esclarecimentos. Em nota, o senador Dário Berger disse que não foi intimado pela PF e que está à disposição para esclarecimentos.

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