A internet deu novo sentido à palavra “nuvem” como o local onde se armazenam volumosas quantidades de informações acessáveis remotamente. Nestes tempos de política nas redes e também nas nuvens, talvez seja importante resgatar a palavra “nefelibata”. Na tarde desta quarta-feira (4) esse foi o tema em destaque na Assembleia Legislativa.
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Em mais um episódio das tensões internas do PSL catarinense, o deputado estadual Sargento Lima subiu à tribuna para condenar postagens no Facebook de um funcionário comissionado do gabinete do colega de partido Jessé Lopes. Em texto publicado na rede social, o assessor dizia que seu chefe é “uma única voz sincera e sem compromisso de poder com a ilicitude”.
O trecho que tirou Sargento Lima do sério, no entanto, está na resposta dada a um dos comentaristas da postagem: “todos que estão ali (em referência aos demais 39 deputados), a exceção de Jessé, tinham acordo com o governador para toma lá, dá cá”. O pesselista de Joinville subiu o tom.
– Chega um momento da vida que tem de se comportar de forma adulta. Lucas Campos, lotado no gabinete de Jessé Lopes (PSL), em conversas nas redes sociais, falou de acordo de todos com o governador e que se alguns voltaram atrás foi porque não obtiveram o prometido do governador. Qual o acordo com o governador? – questionou Lima.
A fala desencadeou uma série de declarações críticas de outros deputados, inclusive do PSL. No mesmo dia, circulava em redes sociais e grupos de WhatsApp uma comparação entre gastos de gabinete de Jessé Lopes e do também pesselista Ricardo Alba – o primeiro sem gastos. Alguns parlamentares foram ao microfone dizer que a atuação do parlamentar deve ser medida pelos efeitos concretos de seu trabalho e não por um campeonato de economia de verba de gabinete. Essa foi a linha, por exemplo, do pesselista Felipe Estêvão.
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João Amin (PP) puxou o tema das fake news e exaltou-se ao lembrar da postagem que circulou no ano passado apontando-o como autor de um projeto absurdo que nunca apresentou. Em meio àquela catarse, Jessé se defendeu dizendo que ia pedir retratação do assessor, mas que não era responsável por seus atos.
Em algum momento dessa discussão toda, o petista Neodi Saretta pediu um aparte e apresentou-se como “deputado da bancada do mundo real” para cobrar que o governo agilizasse o transporte de uma criança que demandava atendimento médico urgente. Foi uma espécie de anticlímax naquela discussão toda. A propósito, leitor: nefelibata é quem vive nas nuvens.