A bordo do tradicional Rolls Royce, motivo de suspense até o início da cerimônia de posse, era cerca de 15 horas quando Jair Bolsonaro (PSL) chegou ao Congresso Nacional como o eleito de 57,7 milhões para de lá sair quase uma hora e meia depois como o 38o presidente do Brasil.
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Empossado, o capitão da reserva do Exército e agora ex-deputado federal mostrou que o discurso que conquistou a maioria do eleitorado e deu vazão a uma onda conservadora que se espalhou pelo país não será abrandado com a chegada ao poder.
Logo no início do breve discurso, cerca de nove minutos, que fez no parlamento, Bolsonaro em “reconstruir nosso país e resgatar a esperança dos nossos compatriotas” e esse foi o tom da fala – em consonância com as promessas que fez na campanha eleitoral e indicando a intenção de manter acesa a polarização com a esquerda que marcou o confronto com o PT do candidato derrotado Fernando Haddad. Bolsonaro prometeu um Brasil “livre de amarras ideológicas”, citando a valorização das famílias, respeito às religiões sem abdicar da tradição judaico-cristã e combater o ensino de gênero nas escolas.
O presidente falou em governar para os brasileiros que “querem boas escolas, capazes de preparar seus filhos para o mercado de trabalho e não para a militância política; que sonham com a liberdade de ir e vir, sem serem vitimados pelo crime; que desejam conquistar, pelo mérito, bons empregos e sustentar com dignidade suas famílias; que exigem saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, em respeito aos direitos e garantias fundamentais da nossa Constituição”.
Bolsonaro reforçou a defesa da flexibilização do acesso a armas para legítima defesa, maior segurança jurídica para policiais que se envolvem em confrontos e a valorização das Forças Armadas – temas frequentes do candidato e que agora acompanham o presidente no Planalto. Pediu ruptura com vícios da classe política e garantiu que vai mudar as bases da relação com o Congresso. Faz acenos ao mercado prometendo responsabilidade fiscal, respeito a contratos e reformas – sem especificá-las.
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O nascimento da Era Bolsonaro foi marcado por um forte esquema de segurança em Brasília – mais rígido do que nas posses presidenciais dos antecessores. Profissionais de imprensa chegaram a reclamar de restrições no acesso aos locais da cerimônia, rigidez no tratamento e pela obrigação de deslocamento prévio ao Centro Cultural Banco do Brasil – o quartel-geral da transição – no início da manhã, sete horas antes do início da cerimônia de posse.
As críticas reforçam outro ponto que marcou o candidato Bolsonaro e que, tudo indica, deve subir a rampa do Palácio do Planalto: o relacionamento conflituoso com a imprensa tradicional. Entusiasta da comunicação direta das redes sociais, o novo presidente fez um raro improviso no discurso lido ao agradecer “a honrosa missão de governar o Brasil”, acrescentando ao texto a expressão “governar com vocês”.