No final do ano passado, logo que Raimundo Colombo (PSD) anunciou que tiraria licenças para permitir ao vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) o gostinho de governar um mês e meio antes da renúncia oficial, o peemedebista fez uma comparação com o outro mandato que herdou, em 2006: “Naquela vez quem precisava aparecer era o Luiz Henrique, eu fui discreto. Agora, vão saber que o governador é o Eduardo Pinho Moreira”.
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Em suas primeiras medidas com a caneta de governador na mão, anunciadas nesta quarta-feira, o peemedebista mostra que não falou em vão. Como gesto de ruptura, marca de que um novo governo começa – mesmo que ainda com o carimbo de “em exercício” – atacou justamente o alvo das oposições nestes 15 anos em que o PMDB habita a máquina do Estado. Decretou a desativação de 15 das 35 agências regionais, antigas SDRs, emblema da gestão LHS, dogma peemedebista na última década.
Quem viu as dificuldades que Colombo enfrentou junto ao PMDB para cortar cargos nas regionais e extinguir a pasta da Grande Florianópolis em 2015, talvez estranhe que em uma canetada Pinho Moreira desfaça 15 estruturas. Na justificativa, o governador em exercício alegou a necessidade de fazer gestos políticos sinalizando cortes de gastos e arguiu a legitimidade de ter implantado as estruturas no primeiro mandato de Luiz Henrique. Sacou do bolso o icônico Plano 15 de 2002 que prometia implantar secretarias em cada uma das 20 microrregiões regiões catarinenses. Não seria um corte, mas uma volta às origens.
Curiosamente, nesta quinta-feira vai ao ar no site NSC Total o programa Cabeça de Político em que entrevisto o deputado federal e ex-governador Esperidião Amin (PP) – derrotado por Luiz Henrique nas disputas de 2002 e 2006. O pepista ironiza, citando Gelson Merisio (PSD), que Colombo foi impedido pelo PMDB de acabar com as regionais. A canetada de Pinho Moreira, de certa forma, confirma a tese.
Outro ponto alto da entrevista do governador em exercício foram as explicações sobre o futuro do Fundam – o programa em que o governo repassa aos 295 municípios financiamentos contraídos junto ao BNDES. A resistência do banco federal em repetir o modelo usado na primeira edição do fundo, em 2013, levará o Estado a utilizar R$ 360 milhões em grandes obras estruturantes. Esse valor está perto de ser liberado. Os demais R$ 300 milhões, a serem destinados aos municípios, os governadores Colombo e Pinho Moreira continuam correndo atrás. Ou seja, o Fundam 2, na melhor das hipóteses, será meio Fundam.
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