Embalado por uma festa com 2 mil pessoas em Lages, o ex-governador Raimundo Colombo assume a partir de agora o papel de liderar a construção do projeto político do PSD. Esse é resumo que se pode extrair após as falas, presenças e ausências que marcaram o evento realizado pelo partido no sábado para celebrar sua maior liderança.
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Hoje, o PSD está dividido em duas posições claras e antagônicas. O deputado estadual Gelson Merisio é o pré-candidato ao governo e conta com o endosso da maior parte da bancada estadual. De outro lado, o ex-deputado estadual Júlio Garcia lidera os que não acreditam na viabilidade de Merisio e defendem apoiar um nome de outro partido. Colombo, ao seu estilo, aponta um meio-termo nesse fogo cruzado.
Em seu discurso em Lages, o ex-governador defendeu o esforço de Merisio para consolidar o projeto de candidatura com PP, PSB, PDT, PRB e outras siglas. Disse que o fortalecimento da pré-candidatura do correligionário é o caminho a ser trilhado em “abril, maio, junho e julho”. Ou seja, até a hora das convenções. Em Florianópolis, quinta-feira passada, ele já havia falado em tom semelhante, quando disse que às vésperas das convenções os grandes partidos voltariam a conversar. Colombo tem o brevê para fazer essa condução. Presidente licenciado do PSD nacional, o ministro Gilberto Kassab estava em Lages e deixou claro.
— Você nos lidera aqui. Lidera seu partido, lidera os partidos aliados, para nos levar ao melhor caminho. Ao caminho que nos una.
Merisio praticamente repetiu Kassab. Disse que Colombo ganhava ali a missão de “liderar um processo vitorioso para o governo do Estado”. Arriscou um tom conciliador, em que citou como grandeza “o direito de as pessoas pensarem de forma diferente” e disse que o projeto do PSD não tem espaço para projetos pessoais ou imposições partidárias.
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Estavam no palanque Esperidião Amin (PP) e Paulo Bornhausen (PSB), que leu carta do pai, Jorge Bornhausen, padrinho político de Colombo. Amin brincou que o número 55 do PSD é múltiplo do 11 do PP – indicando a raiz da sigla aliada. Praticamente todos ali começaram a carreira no antigo PDS. Numa farpa ao PMDB, Amin e Merisio disseram estar “em boa companhia”.
Depois de indicar que estaria presente, o governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) decidiu ficar em Florianópolis e não pisar no mesmo palanque que Amin. O PMDB acabou representado por Cleonir Branco, aliado fiel de Luiz Henrique da Silveira em Joinville. O ex-governador, morto em 2015, foi lembrado por Colombo como “quase um irmão” fiador de uma aliança importante para o partido chegar ao governo do Estado por duas vezes. O ex-governador enfatizou que não seria oportunista de negar agora esse fato e que se o PSD partir para uma nova aliança, será “com a mesma decência”.
— Talvez o que falta na política seja um pouco mais de fio de bigode para honrar os compromissos assumidos na hora fácil.