Ostentando a sigla que é o símbolo maior do desgaste dos partidos políticos, o MDB catarinense terminou a semana que passou comemorando o acordo entre o senador Dário Berger e o deputado federal Celso Maldaner para impedir uma imprevisível disputa aberta entre ambos pela presidência estadual da legenda na convenção marcada para dia 1o de junho. Um acordo de cúpula levou as alas internas a acertarem a formação de um diretório por consenso e transferiu a esse pequeno grupo de 71 pessoas a escolha do próximo comandante emedebista.

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Nos próximo dias serão feitas muitas conversas para que Dário ou Maldaner cedam, evitando assim qualquer disputa pelo MDB-SC. Pelo que se vê até agora, são grandes as chances de uma eleição dentro do diretório durante a convenção. A montagem do diretório foi feita a quatro mãos pelo senador e pelo deputado, mantendo equilíbrio entre os grupos. Fazem parte do diretório ex-presidentes da sigla, ex-governadores, donos de mandatos parlamentares estaduais e federais, alguns suplentes, prefeitos de cidades-polo, etc. O grupo foi completado por um indicado de cada candidato.

O grande desafio do próximo presidente estadual do MDB é manter acesa a chama – símbolo do partido, aliás. A legenda é a mais afetada pela sucessão de escândalos da classe política nacional. No Estado, traz o desgaste a mais dos 16 anos no poder durante as gestões de Luiz Henrique e Raimundo Colombo. Não é à toa de que o apoio da bancada emedebista na Assembleia ao governador Carlos Moisés (PSL) foi encarada com receio entre defensores fervorosos da chamada “nova política”.

Com medo de derrotas nas eleições municipais, os deputados estaduais prometem simpatia ao governo estadual em troca de atenção a suas bases. Por enquanto, é o que está em jogo. Nos bastidores, já há gente enxergando o MDB na chapa de Moisés em 2022. É cedo, mas a eleição interna pode ser um indicativo interessante. Mas para isso é preciso manter o time – o prefeito florianopolitano Gean Loureiro, por exemplo, ainda não saiu, mas já fala como ex-emedebista.

Em meio a esse cenário, é curioso como o MDB catarinense abre mão de seu maior ativo: a base emedebista. Nenhum partido do Estado tem essa capacidade de mobilização. A encruzilhada emedebista era a hora certa de chamar a base para discutir, lavar a roupa suja, apontar os caminhos. Ao afastar a militância da discussão, a cúpula estadual evita surpresas, mas enfraquece ainda mais o partido. Ajuda a apagar a chama.

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