A classe política de Santa Catarina achou uma bandeira para levantar e cobrar do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a fatura dos 75% dos votos válidos que recebeu aqui no Estado. Com uma mobilização poucas vezes vista, o Fórum Parlamentar Catarinense e o governador Carlos Moisés (PSL) cerraram fileiras para desfritar o ovo da incorporação da estatal Eletrosul à Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, com sede no Rio Grande do Sul.

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O encontro realizado nesta segunda-feira na Assembleia Legislativa estavam presentes 10 deputados federais e dois senadores – Dário Berger (MDB) ainda se recupera de cirurgia. Na Assembleia Legislativa, há uma frente parlamentar exclusiva para a defesa da Eletrosul, presidida pela deputada estadual Luciane Carminatti (PT). O que se viu no parlamento estadual ontem foi uma defesa unânime – desde petistas até pesselistas como os federais Caroline de Toni e Daniel Freitas, um dos primeiros a questionar a operação – da manutenção da Eletrosul no Estado.

Entre os mais eloquentes estavam os senadores Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PR), que chamou a CGTEE de empresa de “fundo de quintal”, enquanto o pepista dizia não aceitar “esse laudo que diz para premiar o prejuízo, é a perversão do capitalismo”.

Após o encontro, o tema continuou na Casa d’Agronômica, onde o governador Carlos Moisés recebeu o fórum parlamentar e garantiu apoio e engajamento à causa. Foi pedida uma audiência com o presidente Bolsonaro em nome dos parlamentares catarinenses e do governador. É a última instância dessa briga que envolve uma empresa de 1,3 mil funcionários, 600 deles em Florianópolis – cidade que tem como um de seus marcos de desenvolvimento a instalação da estatal nos anos 1976.

— Já buscamos todos os caminhos. Falamos com o ministro de Minas e Energia, com o presidente da Eletrobrás. Mas a decisão é política, por isso vamos ao presidente – diz o coordenador do fórum parlamentar, Rogério Peninha (MDB).

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Bolsonaro é a última etapa nessa luta para impedir a operação. Nos bastidores, atribui-se ao gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM), ministro da Casa Civil, a preferência pela deficitária estatal federal do Rio Grande do Sul.

Talvez essa luta seja apenas uma postergação do destino da estatal, que faz parte da Eletrobrás, ficha um nos planos de privatização do ministro Paulo Guedes, da Fazenda. Mesmo assim, é bom ver parlamentares e governo brigando em praça pública pelo futuro da Eletrosul – e não nas sombras pela nomeação de cargos na estatal.