Ciúme de deputado é pior do que drama shakesperiano. A frase não é minha, infelizmente, é de José Serra (PSDB) em uma palestra na Fiesc em 2010, quando disputava a presidência pela segunda vez. Guardei porque sabia que ainda seria útil e calhou de ser na tão esperada visita do show do milhão do governador Carlos Moisés (PSL) a Blumenau.

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O deputado estadual e pré-candidato a prefeito Ricardo Alba (PSL) tentou capitalizar o máximo possível os dividendos políticos dos encontros em que o governador anunciou liberação de R$ 41,8 milhões para obras – em destaque os R$ 28 milhões para construção do aguardado e sempre prometido centro de convenções no Parque Vila Germânica.

Outros três deputados estaduais da região – Ivan Naatz (PV), Ismael dos Santos (PSD) e Laércio Schuster (PSB) – não receberam convites para participar dos atos. Os dois primeiros fizeram postagens em suas redes sociais ressaltando a descortesia e mostrando agendas paralelas. Schuster, alinhado ao prefeito Mario Hildebrant (sem partido), compareceu aos atos – enfatizando que o convite veio do aliado e não do Centro Administrativo. Depois, no plenário da Assembleia, cobrou atenção do governador aos demais municípios do Vale.

A polêmica dos convites tem um bocado da frase de Serra que resgatei no início do texto – ciúme parlamentar é algo a ser estudado ainda. Mas também há a habitual construção de narrativas políticas. Os futuros adversários de Alba em 2020 trabalham para colar em Moisés a pecha de que ignora Blumenau. A visita com anúncios de recursos milionários para obras, um antídoto. E assim se constrói a eleição do ano que vem.

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