Por incrível que pareça, anos eleitorais nem sempre são os mais produtivos para discussão dos grandes problemas – sejam nacionais, estaduais, municipais. Este 2018 não parecia muito diferente com seus debates sobre política e antipolítica, direitos humanos ou de bandidos, armas ou desarmanento, Lula livre ou Lula preso. A greve dos caminhoneiros trouxe um choque de realidade para a agenda política nacional e terá um belo efeito colateral se conseguir colocar os reais problemas do país no cardápio eleitoral.

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Os caminhões parados expuseram a enorme dependência que o Brasil tem desse modelo de transporte – 64% de todo produto que se desloca no país, é sobre rodas. Coloca em xeque uma política de preços de combustíveis que leva para a bomba o aumento de preço causado por um espirro de xeique árabe acontecido minutos antes. Evidencia a dependência direta das máquinas arrecadatórias dos Estados sobre a venda de combustível, via ICMS.

Citei três dados da realidade que foram expostos pela greve dos caminhoneiros. Outra dezena pode entrar na lista. Essa agenda precisa ser cobrada a Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e toda aquela penca de políticos de diversos partidos que temos chamado de presidenciáveis. É isso ou vamos outra eleição discutir petismo e antipetismo, apontar quem roubou mais ou menos, quem vai supostamente tirar comida do prato do pobre.

Outro lado positivo desta greve é que não há ninguém que se beneficie eleitoralmente dela. No máximo, Bolsonaro – na linha do “que tudo se exploda”. Mesmo assim, a paralisação e seus efeitos mostram que o país precisa mais de soluções do que de bravatas.
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